Ontem assisti uma reportagem, mais uma, que mostra a falta de sentimentos, humanidade, amor de algumas mães do nosso País.
Uma mulher, cuja ação foi filmada por uma câmera de segurança de algum prédio, aparece carregando algo, aproxima-se de uma caçamba cheia de lixo e entulhos, olha bem, acha um lugar, de costas para a câmera deixa o seu embrulho, o seu lixo, o seu entulho e vai embora, levando um pano nas costas, sai sem a menor pressa, sem (aparentemente) a menor culpa.
Em seguida, aparece um coletor (catador) de reciclável que se aproxima da caçamba, dá uma olhada, dá um pulo para trás e não acredita no que está vendo... não acredita no que achou. Atônito com aquilo, sem saber o que fazer, sai correndo, vai até uma ESCOLA próxima e volta com um professor, que retira o embrulho (UMA CRIANÇA de uns 10 dias), coloca-o nos braços, sai correndo para a Escola. Lá, ajudado por uma docente, realizam procedimentos para reanimar a criança, enquanto aguardam o socorro.
Por que estou contando isto?
O que me chamou a atenção inicialmente foi a notícia em si, mais um bebê indefeso, é jogado pela suposta mãe no lixo, como se fosse isto: lixo. Isto vai contra o que certas pessoas dizem "que só mãe para saber o que é amor de mãe", "só mãe sabe cuidar e amar uma criança" e blá blá blá...
Além disto, deste comportamento que vai contra o propalado amor materno, tem mais um aspecto da notícia, que também contraria muitas opiniões tão divulgadas pela mídia, por políticos, jornalistas, etc...
Quando o homem achou a criança e ficou desnorteado, sem saber o que fazer, o primeiro lugar que ele entrou e encontrou pessoas que salvaram a vida do recém nascido FOI A ESCOLA.
O primeiro professor teve a rapidez, em todos os aspectos, tomou a criança nos braços rapidamente e levou-a para dentro da escola, onde haveria mais pessoas para ajudá-lo.
O segundo, aqui é a segunda, uma mulher, uma senhora experiente como mãe e como docente, claro, teve o conhecimento técnico necessário para salvar a criança, para fazê-la voltar a respirar. Não havia tempo para ligar para o bombeiro e aguardar socorro. Não havia tempo para ir fazendo manobras de salvamento, enquanto se ouvissem orientações por telefone. A ação era urgente e necessária!!!
A criança foi salva, ressuscitada, após a respiração boca a boca feita pela Professora.
Que outro cidadão comum, que não um bombeiro, um médico, poderia resolver tão rapidamente e positivamente esta situação?
O professor, no seu cotidiano, e outros funcionários da escola, em especial aqueles que cuidam das crianças nos pátios, realizam inúmeras atividades de primeiros socorros às crianças: uma hemorragia (nariz sangrando ou corte), um desmaio repentino (epilepsia ou alimentação inadequada, pressão baixa, diabetes...), até mesmo ajudar a criança, quando um dente cai e começa um sangramento e há o susto, o medo do aluno.
Até chegar o Resgate, o SAMU, quem faz o primeiro atendimento é o Professor ou um funcionário.
O coletor de recicláveis, humilde, assustado, provavelmente, talvez inconscientemente, tenha se lembrado de sua infância, de fatos parecidos de machudados, talvez tenha sabido de atendimentos assim realizados por estes profissionais em um filho, um sobrinho.
A notícia não enfatizou este lado. Enfatizou o abandono da criança, a fila de casais para adotá-lo. Tampouco lembrou o ato humano, solidário, do humilde catador de recicláveis.
Estes são os verdadeiros heróis desta história: o coletor e os professores. O primeiro pela atitude de chamar o socorro, os segundos pela rapidez de raciocínio e de ação.
Vejam que o conhecimento bem utilizado salva vidas. A Educação diariamente e sem estardalhaços, nem fogos de artifício também realiza grandes coisas, como diria um personagem do livro "Quase memória" do Cony.
Comentários
Esta notícia nos emociona e da forma como você colocou trouxe-me a lembrança as muitas crianças que são deixadas nas escolas "abandonadas" por seus pais que não tem tempo e nós professores socorremos e choramos juntos, quantos casos podemos contar...
Parabéns...