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João Delfiol Construções

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RETROSPECTIVA DO BLOG

Criado com o Padlet

Corações gélidos!

 

Aos governantes por aí, que acreditam que em qualquer época do ano, a frequência do alunado DEVE SER perto dos 100%...

Caros senhores, aqui quem vos fala é alguém que se encontra com os pés, cabeça e o coração no chão da escola, que mesmo, em anos anteriores, atuando em outras funções na educação pública, nunca deixou de ter um contato frequente e regular com unidades escolares muito diversas entre si.

Dito isto, vou  abordar aqui quem são os alunos da escola pública. Temos uma clientela bem variada, desde alunos de classe média até alunos menos favorecidos financeiramente.

Vou falar destes últimos!

Vou falar deles, porque eles, assim como eu, sabemos o que é passar muito frio! O que é ter que acender uma tampa de tambor de ferro no chão da cozinha para fazer uma fogueira e se aquecer nas madrugadas gélidas do sul do País, para só depois poder ir para a cama e tentar dormir. Também sei o que é só ter uma coberta e precisar enrolar os pés com jornal e colocá-los dentro de um saco plástico de arroz, para após me deitar, senti-los aquecidos e então conseguir pegar no sono. Sei o que é sentir o vento gelado do sul entrando pelo telhado, por baixo da porta, pelas janelas, pelas frestas das paredes e gelar a cabeça e transpassar o único cobertor sobre meu corpo.

E o que isso tem a ver com os alunos? TUDO!

A pobreza e a miséria no país não acabaram! Nunca acabou!

Estamos no inverno com dias com temperaturas perto dos 8°, 9° graus, à noite provavelmente bem abaixo disto.

Mesmo com dias frios, gelados, noites ainda mais gélidas, vemos nossos alunos, nossas alunas das classes menos favorecidas, vindo para a escola somente com um chinelo nos pés, poucos com uma meia um pouco mais quente, para tentar aquecê-los.

Vemos alunos e alunas vindo pra escola de bermuda, alguns com uma blusa de moletom, outros nem isto.

Vemos alunos do noturno, mesmo na chuva, vindo pra escola de chinelo, pés molhados e sem um guarda chuvas.

Vemos mães/pais/responsáveis, aqueles que ainda buscam seus filhos na saída, virem molhados, por não terem um guarda chuva ou uma sombrinha para se proteger e proteger sua prole no caminho pra casa, nem sempre próximo da escola, afinal até 2 km da escola não se tem transporte escolar, famílias menos favorecidas, em geral, não possuem carros para buscar suas crianças/adolescentes, nem têm, assim como os mais abastados, carro com motorista para buscar seus “pimpolhos” na porta da escola.

Presenciamos direção, coordenação, professores se mobilizando para trazer roupas e calçados e arrecadar nas suas famílias para ajudar os alunos e alunas a passar por este período com um pouco mais  de conforto, com os corpos mais aquecidos e seus corações também com o calor humano!

Mesmo assim, nobres políticos, muitos alunos faltam, sim, faltam, porque ninguém deveria ser obrigado a sofrer com o inverno, ainda assim, não têm, do poder público, a sensibilidade e a empatia, tão falada nos discursos inflamados dos senhores: EMPATIA, com suas extremas e permanentes dificuldades financeiras e sociais!

Acredito que os “nobres” políticos/governantes nunca passaram frios extremos sem ter uma blusa quente, uma calça bem grossa e quente, sem ter um bom calçado de couro ou um bom tênis de marca, um bom moletom com touca bem quente, ou um bom sobretudo de lã! Se um dia na vida passaram frio... ESQUECERAM! SIM, ESQUECERAM!

Acredito que não tenham passado por isto, pois a elite dominante, que estudou nos mais caros colégios particulares deste país, onde há filas de carros com motoristas na porta para buscar os filhinhos e as filhinhas para que estes não tomem uma única gota de chuva, muito menos um tímido vento frio! Talvez por isto exijam índices de frequência às aulas em tempos tão gélidos, porque tenham um coração igualmente gélido a ponto de ignorar as carências extremas da população desassistida de nosso país!

 

 

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