Aproveitamos
as férias para fazer uma viagem curta e curtir outro estado, outros ares,
outras paisagens, rever pessoas queridas.
Aproveitei
também para fotografar um pouco, coisa que gostava muito de fazer, mas a
pandemia, o isolamento forçado, me fizeram abandonar este hobby e até mesmo
procrastinar todo planejamento de fazê-lo.
Aqui
colocarei algumas fotos da zona rural, cenas comuns para quem reside na região,
mas que para mim, ao sair sozinha pelas estradinhas de terra bucólicas,
oxigenaram, ao menos um pouco, meu cérebro e refrigeraram um pouco meu
interior.
Estivemos
no sul de Minas Gerais. Muita seca, segundo um morador estavam há cerca de três
meses sem chuvas e isto aparece nas fotos, no mato seco, nos caminhos
empoeirados e amarelados, nos vestígios das queimadas intencionais ou não na
paisagem serrana.
A
região, uma das cidades, está sendo muito alterada com a vinda, há alguns anos,
de uma mineradora, que começa a mudar a paisagem, devido ao tipo de atividade
realizada, bem como pelos empregos gerados, que trazem um afluxo grande de
pessoas, que precisam morar, comer, vestir, ou seja, consumir. Com este aumento
de pessoas também vem a reboque o aumento da violência.
Nas
fotos da zona rural podemos notar que, apesar de estarmos em agosto, as flores
de são joão estão em sua plenitude nas cercas de arame farpado ou nas árvores.
O
silêncio da paisagem rural e suas nuances de cores, texturas, plantações
diversificadas, terra em diferentes fases: recém plantadas, recém aradas, cobertas
de trigo, café, sorgo, milho e outras culturas, poucas casas devido à
mecanização, que empurra as pessoas para outras atividades e em uma propriedade
grande, muitas vezes, uma única família trabalha ou é arrendada para famílias,
que nem moram na propriedade arrendada.
Mesmo
com grandes áreas utilizadas para pasto, café, ou outras atividades rurais,
ainda encontramos alguns pássaros, que nos chamam a atenção, mas que não se
deixam fotografar sem muito empenho e paciência. Não vi muitos, nas poucas caminhadas
que fiz. Nem ouvi muito o canto deles.
Curiosidade
da área rural, talvez estranha para moradores urbanos e sem contato com ela,
são os mata-burros. Você sabe o que são e para que são utilizados?
Os
mata burros, vide imagem abaixo, são comuns nas propriedades rurais. Como o
próprio nome já indica, estes artefatos eram utilizados para impedir os burros,
cavalos, vacas de saírem pela porteira da propriedade, caso ela ficasse aberta
ou na inexistência dela. Atualmente eles são utilizados para demarcar a entrada
de uma propriedade e a divisa entre propriedades de diferentes proprietários.
Uma
cena bem comum vista por nós foram as queimadas. Vimos queimadas próximas às
rodovias, mais de uma vez, talvez fruto de descuido de algum motorista fumante,
ou talvez ato intencional de algum proprietário, que desejasse “limpar” o mato,
assim causando um mal maior à todos, pois gera muita fumaça, fuligem,
empobrecimento do solo, pode atingir outras áreas e ficar incontrolável, assim
atingindo animais silvestres, pessoas.
Tentei
fotografar pássaros, mas não vi muitos, apesar de ter saído pouco para esta
finalidade, pois dediquei meu tempo também a conversar, ouvir, atualizar
notícias dos amigos e parentes. Consegui fotografar um casal de um pássaro
parecido com o tapicuru e uns anus brancos. Fui pesquisar e descobri que a ave
que fotografei se trata de curicaca-real, apelidada de despertador do pantanal,
devido ao grito alto que ela emite.
Os
anus brancos são aves curiosas, pois possuem um topete, que fica o tempo todo
eriçado e olhos assustados, penas claras. São bem barulhentos e costumam ficar
em bandos pequenos. São aves comuns nas áreas rurais.
E as
estradas rurais? Tem as cercas floridas. As curvas rodeadas de matas,
plantações diversas, pasto. Pode-se avistar árvores solitárias em meio à
pastagem, que deixa a cena chamativa, devido ao formato e tamanho da árvore.
As
poucas casas ao longe em meio à terra nua, amarela, à poeira das grandes
máquinas colheitadeiras ou aos ônibus, que transportam trabalhadores.
As árvores
tão características do cerrado, retorcidas, cascas grossas, como se tivessem
sido esculpidas por cinzéis divinos, cujos galhos se dividem e deixam enxergar
o azul do céu, por vezes, avermelhado e por outras cinzento e embaçado.
Andando
pelas estradinhas rurais com terra amarela, tal qual o salitre, fina, que gruda
na pele e nas partes mais escondidas dos veículos, deixando-os com rangidos,
secos, a gente se depara com o cafezal com botões dormentes esperando a chuva
para se abrirem em lindas, delicadas, brancas e cheirosas flores, que cobrem
toda a plantação. Os pés de café todos, ou boa parte deles, cobertos de poeira.
No
quintal as galinhas, galos, gatos andam pra lá e pra cá. Se escondem, dormem
embaixo dos pés de café, das árvores, sobre os carros, nas varandas. Ouvem-se
os cocoricós das galinhas ao botarem seus ovos. Avisam que tem ovo novo e a
dona vai verificar onde estão, porque tem galináceos, que correm para quebrar
os ovos e comer ou se apropriar deles para chocar.
Na
estradinha rural as madeiras da ponte recém construída e novamente levada pelas
águas do silencioso e estreito córrego continuam lá, aguardando a prefeitura
tomar providências e refazer a ponte, que liga os moradores ao povoado mais
próximo, onde tem posto de gasolina e laticínio, além dos moradores, que se
conhecem e, por vezes, se ajudam, trocam produtos, alugam maquinários.
Andar,
dirigir por Minas Gerais é se encantar com os inúmeros ipês amarelos em flor
nas margens das rodovias ou em meio às plantações, onde ficam como ilhas
amarelas ou avistar uma árvore belíssima de flores “cor de abóbora” ou cor de
“coral” também cobertas de lindas e chamativas flores, que colorem as margens
das rodovias e sequestram nosso olhar e causam um espanto gostoso com tanta
beleza em meio ao verde triste da seca ou às margens do asfalto, das rochas
esbranquiçadas, negras, avermelhadas, amareladas... É o mulungu! Árvore
brasileira, comum em Minas Gerais, usada no paisagismo, para recuperação de
áreas degradadas e utilizada também como remédio. Já coloquei na minha lista
para procurar mudas ou sementes para comprar e plantar!
E você
quais as imagens, que trouxe da sua viagem de férias? O que aprendeu? O que
viveu?
Para
saber mais:
-
sobre o curicaca-real – pesquisar no site wikiaves;
-
sobre o mulungu – há diversos sites, que falam sobre esta árvore e suas
variedades.
Algumas fotos da viagem, que ilustram um pouco do que vi em terras mineiras.
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