Entrei, há algum tempo, com um processo judicial para ter reconhecido o direito à aposentadoria especial como professor. Sou professora desde 1992, com apenas duas licenças saúde de 15 dias, durante toda minha vida funcional, sendo uma destas por acidente de trabalho e uma licença nojo, pela morte do meu pai. Duas destas licenças, a nojo e a por acidente de trabalho, não descontam para nada!
Estamos
em 2021, só fazer as contas. Descontados cerca de 11 meses, que me afastei pela
202, sem pagar a previdência, que desconta do período aquisitivo.
Tive
durante minha vida funcional afastamentos para atuar na Diretoria de Ensino com
formação de professores, 3 anos como vice-diretor e professor coordenador, cerca
de 11 anos na supervisão de ensino (onde estou atualmente).
Contextualizando
para quem não é da área da educação. Meu cargo continua sendo na escola, onde é
feita toda minha vida funcional.
Um
outro esclarecimento. No Estado de São Paulo, diferente por exemplo do Paraná,
o Supervisor de Ensino é supervisor de sistema, ou seja, ele é responsável por
acompanhar e orientar um grupo de escolas estaduais, municipais e particulares.
A quantidade de escolas varia de acordo com a Diretoria de Ensino, com a atribuição
realizada a cada dois anos. Atualmente acompanho 3 escolas estaduais, 01
municipal, 3 escolas particulares. Já tive 8, 9 escolas.
O
judiciário “entende” que supervisor de ensino está fora da escola. Não teria
contato com a escola.
A questão
é que, mesmo estando em outro prédio, nossa atividade profissional não ocorre
somente atrás de uma mesa, como os senhores juízes, lendo, escrevendo,
estudando, delegando, decidindo vidas com uma canetada! Não! Nossa atuação tem
sim, uma parte burocrática, que atende demandas documentais da escola,
envolvendo a vida de professores e alunos. MAS! SEMPRE TEM UM MAS! Nossa atuação,
LEGALMENTE, exige visitas regulares de acompanhamento DENTRO DOS
MUROS DAS ESCOLAS públicas e particulares.
Por
que a atuação de um supervisor de ensino de sistema é importante? Vou citar só
um exemplo: para que não sejam abertas escolas sem as mínimas condições
exigidas POR LEI para receber alunos, professores e funcionários! Inclusive as
escolas particulares onde estudam os filhos, netos, bisnetos, sobrinhos,
sobrinhas dos senhores juízes e promotores passaram pelo crivo, fiscalização,
olhar atento para então serem autorizadas! Se os alunos saem da escola
particular, ou da pública, com a vida correta, sem erros, é devido ao trabalho
da escola, mas à conferência de documentos, saneamento de erros
administrativos, realizados pelo Supervisor de Ensino.
Ah! É
também ao Supervisor de Ensino que os pais dos alunos das escolas particulares
recorrem quando a sua prole vai ser reprovada no final do ano! Sim, os pais procuram
o Supervisor de Ensino para saber se, LEGALMENTE, há como reverter a situação
de reprovação do aluno! Não fazemos essa análise sozinhos, porque assim são evitados
“entendimentos” pessoais, realizamos em comissão para que possamos discutir,
esclarecer, e um contar com o CONHECIMENTO do outro e assim evitarmos
injustiças.
Feitos
estes esclarecimentos necessários para se entender como ocorre a atuação
profissional de um Supervisor de Ensino vamos retomar o objetivo desta postagem.
Apesar
de haver decisões, não uma, mas várias, decisões transitadas em julgado, que
deram a outros Supervisores de Ensino ou Supervisores Escolares (nomenclatura utilizada
em alguns municípios) o senhor juiz, que analisou meu caso, “ENTENDEU” que não
tenho direito à aposentadoria especial. Ele “ENTENDEU” também, que dos 3 anos de vice-direção e coordenação
DENTRO DOS MUROS DA ESCOLA, somente 2 (DOIS) anos entrarão como “tempo para
aposentadoria especial”.
Em artigo
do site JusBrasil, que aborda a subjetividade presente nas decisões judiciais, o
autor conclui o artigo afirmando que:
![]() |
Fonte: http://obviousmag.org/ |
Mesmo
havendo outras decisões favoráveis à aposentadoria especial para o Supervisor
de Ensino, o juiz que analisou o meu caso ignorou a jurisprudência existente
para dar o seu parecer de acordo com o “seu entendimento”.
Na minha
atuação como Supervisor de Ensino, ciente de que meu trabalho burocrático envolve
VIDAS DE PROFESSORES, DE ALUNOS, DE PESSOAS, busco estudar, claro e sempre, mas
busco o apoio de outros profissionais para analisarmos determinadas situações objetivando
sempre evitar o erro e o prejuízo aos alunos, aos professores.
Esta
atuação, minha enquanto profissional da Educação, busca o atendimento com
urbanidade, decisões com equidade e sem opiniões e entendimentos
pessoais, mas embasadas no DIREITO de cada um expresso nas legislações
educacionais e no ECA-Estatuto da Criança e do Adolescente.
Fonte da citação: Conceito
da Decisão Judicial (jusbrasil.com.br) acesso em: 10/04/2021
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