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João Delfiol Construções

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O tempo e as histórias


Vamos vivendo e colecionando memórias e #histórias. Todos têm as suas. Poucas. Muitas. Vejo minha mãe, com seus 80 anos, que diariamente nos conta histórias de sua infância, de seus avós, bisavós, tios, pai e mãe.

Ela relembra também da própria vida! Das inúmeras dificuldades vividas ao longo de tantos anos, em especial, quando os filhos eram pequenos. As dificuldades financeiras. O trabalho duro: na roça e em casa até altas horas da noite para dar conta de todo trabalho de uma família de seis pessoas. Lavar roupa no rio sobre uma tábua de madeira, com os filhos pequenos ao redor. Mais tarde lavar roupa em casa, mas puxando água de um poço com muitos metros de fundura. Não. Não era meu pai, que fazia este serviço. Era ela mesma!

Manter as roupas, a casa, as crianças, o marido com roupas limpas, em bom estado, passadas, além de trabalhar na roça diariamente, levando pela mão os filhos pequenos, que aos 4 anos ganhavam  um belo presente de meu pai: uma enxada para criança! Uma enxada menor, mas que era para trabalhar! Sim, meus irmãos mais velhos trabalhavam na roça, como era comum na época, em famílias da área rural.

Mais tarde morando na cidade. Outros tempos. Outras dificuldades. Pouco dinheiro. Doença do meu pai por anos. Aposentadoria por invalidez. Dinheiro cada vez mais curto. Minha mãe sempre trabalhando como “dona de casa” e costurando para  ajudar a pagar as contas da casa e comprar roupas e outras coisas para nós. Mais tarde, com mais dois filhos pequenos, precisou se transformar em doméstica! Trabalhou muito! Ia para o trabalho, não era perto, a pé! Nem quando foi doméstica teve registro em carteira!

O tempo passou. Mudança de cidade. De Estado. Mais dificuldade financeira! Filhos adolescentes. Todos morando de favor em casa cedida por um dos irmãos mais velhos. Minha mãe voltou a costurar. Agora empregada em uma “empresa”, que nunca a registrou. Ainda trazia costuras pra casa! Ganhava centavos por cada peça costurada e pagava: as linhas, a energia elétrica! Exploração total! Não, também não foi registrada em carteira! Isto nos anos 1990 em diante...

Ainda assim conseguiu, a duras penas, até fazer algumas pequenas reformas na casa, que morava! Casa que era cedida por um dos irmãos, que havia se mudado para outro Estado com a família.

Mesmo havendo trabalhado a vida toda, desde criança no Nordeste, e durante a juventude, vida adulta e início da terceira idade, não teve direito à aposentadoria! Tentou até  com advogado, mas não teve direito!!! No País onde, na carta magna, “Todos são iguais perante a lei”... uns são mais iguais que outros! Uns se aposentam com poucos anos na vida política e com altos salários, enquanto muitos, como ela, nem se conseguem se aposentar!

Que outras lembranças ela tem? E relembra à exaustão? Dos tempos difíceis com meu pai!

Atualmente ela conta histórias, negativas, de outras pessoas, que sequer conheço!

Todos vamos angariando, dia a dia, anos vividos,  experiências, que se tornarão histórias, que serão contadas, recontadas no decorrer de nossa breve existência neste mundo.

Muitos não as contarão, porque terão suas memórias deletadas pelo Alzheimer ou por algum outro problema, que pode ocorrer... Somos frágeis e finitos.

Quais histórias você vai deixar? Quais exemplos seus filhos terão? Exemplos positivos?

Como estamos aproveitando este tempo que cai rapidamente como areia em uma enorme (ou não) ampulheta invisível?

Mario Quintana resumiu em poucas e poéticas palavras a brevidade da nossa existência:

O Tempo

A vida é o dever que nós trouxemos para fazer em casa.
Quando se vê, já são seis horas!
Quando se vê, já é sexta-feira!
Quando se vê, já é natal...
Quando se vê, já terminou o ano...
Quando se vê perdemos o amor da nossa vida.
Quando se vê passaram 50 anos!
Agora é tarde demais para ser reprovado...
Se me fosse dado um dia, outra oportunidade, eu nem olhava o relógio.
Seguiria sempre em frente e iria jogando pelo caminho a casca dourada e inútil das horas...”             

 

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