Ouço muita gente falando
maravilhas dos apps para aprendizado remoto.
Vou tecer aqui, algumas
críticas, vindas de alguém que atuou em sala de aula, que convive com crianças
e adolescentes, que visita regularmente escolas, que possuem alunos de 11 anos
incompletos até 18, 19, 20 anos.
Também sou uma pessoa adulta,
que está em sua terceira pós graduação na área da Educação, sendo as duas
primeiras semipresenciais e a atual totalmente on line, sem aulas presenciais.
Na dinâmica de curso semipresencial realizamos atividades na plataforma de
aprendizagem (on line) e comparecemos uma vez a cada quinze dias, por exemplo,
para assistir aulas com Professores das disciplinas estudadas no ambiente
virtual de aprendizagem-AVA.
Fiz duas faculdades totalmente
presenciais. A primeira, há mais tempo, não havia a possibilidade de fazer semipresencial ou totalmente por educação à distância. Na segunda graduação havia a
possibilidade de cursar em EAD, mas por opção fiz presencial. Era fácil? Não,
não era, porque eu trabalhava mais de oito horas por dia e foi um período, no
qual eu viajava muito à trabalho.
Por que estou fazendo estes
comentários sobre minha experiência? Porque falarei do que vivenciei e
experienciei, portanto tenho conhecimento para abordar o assunto. Não falarei
por “achismos” e nem por leituras sem conhecimento da realidade do aluno.
Sou contra tecnologia? Não.
Sou à favor do aluno. À favor do Professor. Sou à favor de educação de QUALIDADE para todos!
Quem conhece e tem contato
regular com crianças e adolescentes, sabe que a maioria precisa sim, de um
adulto, para orientá-los e sim cobrar a realização de seus compromissos como
estudantes. São poucos que, na infância e na adolescência, senta-se, por conta
própria, para estudar e realizar tarefas.
Em sala de aula, na escola, o
Professor apresenta os conteúdos, seja por meio de aulas expositivas,
experiências, projetos, vídeos, e está ali, presente, para interação e para
sanar as dúvidas sobre cada conteúdo. A presença dos demais alunos auxilia
aquele aluno, que não tem coragem, de perguntar ao professor, por exemplo. Além
desta interação importantíssima, a criança e o adolescente interagirão com
outros adultos da escola, que apóiam as atividades docentes. Ele vivencia, na
escola, como é a vida na sociedade, onde temos horários, limites, regras,
opiniões diferentes das nossas, conflitos, tudo isto contribui para uma
formação do ser humano em sua integralidade.
O aluno pode usar APPs para
estudar, mesmo estudando presencialmente? Claro, que pode. Há muitos
professores, que já fazem isto. Utilizam um app para complementar o trabalho
realizado em sala de aula.
O que sou contra? Sou contra
um ensino totalmente on line para crianças e adolescentes, até mesmo para
adultos, que tenham uma formação deficitária, que tentem fazer uma faculdade
por ead, que não dará conta de minimizar estas dificuldades deste aluno.
Sabemos que o ser humano utiliza, com muita frequência, a lei do menor esforço!
Vai pesquisar e buscar sanar sua dificuldade? A maioria? Não! Por que afirmo
isto? Por ouvir, outros profissionais, relatarem as inúmeras dificuldades, que
vivenciam com docentes, que se formaram somente em cursos EAD. Quais
dificuldades? Escreve muito mal, por exemplo. Não consegue preencher um diário
de classe, quando mais um digital! Não consegue preencher um relatório. Não
consegue elaborar um projeto. Não sabe planejar uma aula. E por aí vai... É
culpa da pessoa? Talvez não. Ele estudou em uma instituição, cuja propaganda
vendia pra ele uma boa formação a preços baixíssimos e sem muito trabalho...
Havia iniciado este texto, que
veio tal como está acima. Hoje, 05/06, assisti uma aula do Prof. Mário SérgioCortella, na qual ele falava deste período de quarentena e do uso de
aplicativos na Educação.
Uma aula, uma fala, muito
pertinentes! Ele fez um histórico da vida dele, como aluno da Escola Pública, parte
dela vivida no Estado de São Paulo e as contribuições da escola para a vida
dele. Ele enfatizou, mais de uma vez, a importância primordial e essencial da
convivência diária com os profissionais da escola: inspetores de alunos,
professores, diretores, coordenadores. Enfatizou também que as tecnologias não
devem ser substitutivas à esta convivência, à escola presencial, mas
complementar o trabalho realizado pelos professores em sala de aula.
Espero que, sinceramente, não
se tenha a ideia, nos diversos níveis de governo, de engendrar esta
substituição na Educação Básica, ao invés de investir na Educação, na formação
dos Professores, visando a sanar defasagens deixadas pela má formação das
graduações, que estão sendo sentidas nas escolas.
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