Desço
a Serra. Aquela Serra, que antes era apenas uma Serra vista de um carro em
movimento, em uma foto antiga. Tirada com uma analógica.
Hoje
desci novamente. Como tantas outras vezes. Hoje, tempo úmido, vento frio,
neblina forte, chuva, tímidos raios de sol. Assim mesmo! Esta alternância e
confusão de temperaturas ao mesmo tempo.
À noite
choveu em toda a região!
Vejo
as cenas passando rapidamente pelo para-brisas. Rodovia tranquila. Pouquíssimos
carros. Caminhão apenas um ou dois. A paisagem estava especialmente bela! Em
alguns trechos parecia, que estava em Londres, tal a neblina que embotava minha
visão, por segundos, minutos.
O
verde que corria a minha esquerda, a minha direita e a minha frente era outro
verde. Não mais aquele verde opaco, amarelado, sem graça do tempo seco.
O
verde agora, quase um verde musgo, em nuances diversas, em texturas mil, ia se
descortinando diante de mim.
Aqui
uma grande plantação de eucaliptos plantados milimetricamente distanciados um
do outro. Todos, quase todos, do mesmo tamanho!
Mais à
frente um trecho de terra nua, aguardando o momento certo do plantio.
Uma
casa simples, à beira da estrada, de onde sai a fumaça de um fogão à lenha,
cujo fogo crepitava, espalhando calor e o cheiro do café, recém feito,
saboreado vagarosamente pelo dono da casa.
Alguns
quilômetros a mais e vejo as vacas, pastando, mesmo com a neblina fria, o ar
gelado, o capim molhado.
Vejo
também um tratorista solitário a trabalhar na margem da rodovia. Ou talvez se dirigindo
a outra propriedade rural.
Mais
quilômetros e vejo uma placa de madeira, na entrada de uma propriedade, onde se
lê “Sítio Recanto dos Sonhos”.
Mais
adiante a placa daquele bairro com nome engraçado. Bairro dos Bicudos. Será que
todos os moradores são bicudos?
Outro
trecho onde uma formação montanhosa se sobressai na paisagem parcialmente.
Nuvens de neblina dançarinas circulam ao redor dela. Tal como as “Três Graças”.
A
paisagem de hoje! Linda! Poética. Bucólica. Onírica.
Amanhã
não será a mesma. Nunca mais será a mesma.
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