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João Delfiol Construções

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Incoerência... Como cobrar coerência dos outros se somos incoerentes?

Adoro tecnologia, não sou fanática a ponto de trocar de celular a cada novo lançamento, assim não poluo ainda mais este planeta, nem gasto meu dinheiro com algo que, de fato, não esteja precisando.
Gosto de novidades! Gosto do whatsapp, porque me permite comunicação instantânea (ou quase) e em muitas situações isto ajuda muito.
Mas respeito reuniões, mais que isto respeito as pessoas, que, em algum momento, estão falando, expondo suas ideias, dando informações. Por respeitá-las mantenho meu celular no silencioso, não fico respondendo mensagens, acessando Facebook, nem respondendo mensagens, que podem ser respondidas em outro momento.
Como educadora sempre pensei, agia assim com meus alunos, que não poderia cobrar deles, o que eu não realizasse, não desse o exemplo.
Sempre observei muito as crianças com as quais convivo. Observo, porque acho muito interessante a fase da primeira infância, quando a criança começa a aprender em contato com sua mãe, pai, irmãos, tios, tias.
Nesta fase a criança vai aprendendo porque tem um cérebro, cujas capacidades intelectuais são imensas. Aprende a falar rapidamente e vai adquirindo e incorporando uma quantidade espantosa de vocabulário. Aprende a andar, primeiro meio cambaleante, mas rapidamente se firma e passa a correr com destreza como se fizesse isto há muito tempo.
Além destas aprendizagens, imprescindíveis para o resto da vida, ela vai aprendendo hábitos e atitudes. Esta aprendizagem tanto pode se dar no seio da família, seja na escola, pois atualmente, por necessidades dos pais, elas iniciam a vida escolar cada vez mais cedo.
Como elas aprendem hábitos, valores e atitudes? Pelo exemplo. Não basta apenas falar. Há uns nove anos mais ou menos, uma de minhas sobrinhas, com cerca de um ano, nos mostrava isto. Ela amava comer bananas. Gostava de outras frutas, mas esta era sua preferida. Muitas vezes a vimos comer a banana, depois ir até um canto da cozinha, onde estava a lixeira, abrir a tampa e colocar lá a casca da banana, que havia comido. Além de se falar isto para ela, o que é importante, ela via todos os adultos da casa repetirem este gesto. Terminavam de comer uma fruta, uma pizza, um frango, se dirigiam até a lixeira e repetiam esta ação: jogar as sobras no lixo.
Já vi, em outras ocasiões, aprendizagens, que também ficarão para o resto da vida, mas que trarão problemas para o adulto. Certa vez vi uma mãe/avó com seu “pimpolho” esperando o ônibus, como o coletivo esta demorando, o menino sentiu vontade de fazer xixi, a adulta com o “telencéfalo altamente desenvolvido”*, abaixou as calças do moleque, chegou-o perto do poste mais próximo e mandou que ele esvaziasse a bexiga ali mesmo! Diante de todos!
Anteontem entrei em uma sorveteria, no final de tarde, onde já estavam algumas pessoas. Entre elas, uma senhora, avó, e seu netinho. Eu estava bem perto saboreando meu delicioso sorvete, naquela tarde tão quente. Assim que a vó sentou, ficaram por ali aguardando o pedido, o menino, de uns dois anos, no máximo três, olhou do lado direito, depois falou para a avó “A torneira está aberta”. Eu, que até então não tinha observado, verifiquei que em frente havia uma pequena pia, onde havia uma torneia, que a mesma estava parcialmente aberta, desperdiçando água. Após esta fala da criança, achei que a distinta senhora se dirigiria até a pia e fecharia a torneira. Esperei alguns minutos e nada! Não fui fechá-la, porque queria ver o desenlace desta cena: uma criança tentando conscientizar um adulto. Como demorasse e a avó não tomasse nenhuma atitude, o garotinho pediu para lavar as mãozinhas. Então a avozinha se levantou, levou-o até a pia, ergueu-o e ele molhou as mãos. Depois disto a mulher fechou a torneira. Ambos voltaram ao lugar e sentaram-se para esperar pelo sorvete. Quem estava ensinando quem? Quem deveria ensinar quem?
Por que lancei mão destes exemplos?
Vamos voltar ao primeiro parágrafo deste texto. Como exigir de crianças e de adultos, que utilizem o celular adequadamente, que o desliguem nas reuniões, que os deixem no silencioso, que prestem atenção às informações, se nós, no mesmo ambiente ou em situação análoga, pegamos o aparelhinho, deslizamos nossos dedos rapidamente pela tela, vamos passando nossos olhos pelo “whatsapp”, pelo gmail, pelo facebook, enquanto outros, a nossa frente, ao nosso redor estão expondo suas ideias, opiniões? Como cobrar dos outros o que não fazemos? Vale a velha frase “faça o que eu digo, não faça o que eu faço”?



*Citação do Filme Ilha das Flores, roteiro de Jorge Furtado, dezembro/1988

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