Há alguns anos
vimos ouvindo na Educação os pilares necessários para o cidadão do futuro. Para
quem não os conhece: aprender a ser, aprender a fazer, aprender a conviver,
aprender a aprender.
Um deles em
especial me interessa neste texto: aprender a aprender. Este pilar pretende que
os jovens sejam educados a continuar aprendendo ao longo da vida, mesmo após a
saída da Escola, seja ela de Educação Básica ou uma Universidade. Será que
conseguiremos isto?
Eu sou de uma
geração, que nasceu durante a Ditadura Militar, foi fruto do ensino
tradicional, onde o professor era o centro. Mas fomos formados como? O que se
pretendia na época?
Acredito que o
que se objetivava naquela época, deva estar registrado em planos escolares
antigos, cujos papéis amarelecidos, enrolados, arquivados em algum armário
antigo, de alguma antiga escola, que preserva a História.
Eu e meus irmãos
mais velhos somos frutos desta época. Passamos por mudanças na Educação também.
Meus irmãos mais velhos (dois deles) estudaram francês, passaram pelos testes
chamados “Exames de Admissão”, que avaliava os alunos para ingressarem no
antigo ginasial (atualmente 6º ao 9º ano).
Eu não passei
por nada disto, comecei e terminei meus estudos da Educação Básica, antigos
Grupo, Ginásio e Magistério, sob a Lei 5692/71, que só foi revogada com o
advento da atual LDB 9.394/96.
Tanto eu quanto
meus irmãos, entre 45 e 53 anos, já trabalhamos em diversas atividades, ocupações,
profissões.
Um de meus
irmãos estudou eletrônica por correspondência, quando nem se falava em EAD
(Educação à distância). Ele era uma criança de pouco mais de 10 anos, quando
começou a estudar. Recebia todo material pelo correio, estudava os livros,
fazia as atividades teóricas, as provas, enviava tudo pelo Correio para uma
escola em São Paulo (capital). Ele fazia sozinho isto. Estudava, fazia a parte
prática, que era a montagem de alguns pequenos equipamentos, que iam ficando
mais complexos à medida que avançavam os estudos. Nunca precisou de minha mãe
ficar no pé dele, exigindo que estudasse. Seguiu esta profissão por muitos
anos!
Quando do
advento do plano real, nos anos noventa, (1994 em diante), a abertura do
mercado aos importados, deixou de ser vantajoso consertar aparelhos como
televisores e rádios, aos poucos a clientela dele diminuiu, além de outros
revezes. Conclusão: mudou de profissão. O que foi fazer? Trabalhar com reformas
em residências e condomínios. Fez cursos? Pelo que sei, não muitos. Aprendeu um
pouco da arte de pedreiro com meu pai; elétrica do curso de eletrônica. O
diferencial dele: é um leitor! Lê muito. Revistas, livros, o que cair em suas mãos.
Ele também fez o
Ensino Médio por meio do Encceja, conseguiu eliminar todas as disciplinas em
duas etapas. Não fez de uma vez só, porque perdeu uma prova.
Não estudou após
a LDB atual, não ouviu falar dos quatro pilares da Educação, mas é capaz de
aprender a aprender.
Assim como ele,
poderia continuar citando outros exemplos de pessoas que conheço, ou que você,
leitor, conheça.
Acredito que o
primordial para continuarmos a aprender pela vida afora seja primeiro a
vontade, além dela o fato de termos desenvolvido as competências leitora e
escritora, além do conhecimento da Matemática. Por meio da leitura e da escrita
temos acesso a outros saberes, de outras áreas do conhecimento. A Matemática
por sua vez está ligada a outras matérias como a química, a física. Além destas matérias, ela perpassa
atividades do nosso cotidiano, desde as medidas tiradas de nosso corpo pela
costureira para fazer uma roupa, que fique bem assentada; medidas de um espaço
como um cômodo a ser ladrilhado ou ainda o controle dos nossos gastos.
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