Hoje acabei de
ler, na internet, em uma página de jornal, na tela do meu netbook, esta data
“30 de junho de 2013”.
Esta data me
remeteu a outras falas, deste, e de outros anos, tantas vezes repetidas por
todos nós, todos os anos, como se fosse um mantra. “Nossa, como este ano está
passando rápido.” Ou ainda aquela, parecida, também repetida anualmente. “Já
estamos em maio, junho, em breve estaremos comemorando o Natal”.
São tantas as
frases semelhantes a estas, mas todas elas constatando a irreversível rapidez
do tempo, a curta duração de nossas vidas.
Você não
concorda que a vida é curta? Talvez agora não, pois talvez esteja com vinte,
25, 30 anos. Ou ainda seja uma criança, um adolescente, para quem ganhar mais
anos de vida significa ganhar liberdade, talvez ficar dono do próprio nariz.
Também fui
adolescente, acho que também devo ter pensado assim, apesar de não ter esta
urgência de sair de casa, nem mesmo a urgência de fazer coisas “proibidas” a um
adolescente.
Mas falando da
rapidez do tempo, que passa, vai levando consigo nossa infância, adolescência e
juventude, questão esta sempre falada em conversas de amigos, conhecidos,
parentes.
Em tantas
ocasiões falamos disto. Certa vez eu conversava com um grande amigo, bem mais
velho que eu, que falava justamente disto. Estava um dia de sol muito bonito,
nós andando entre os prédios da instituição onde trabalhávamos na época, ele
contando histórias de sua vida profissional, o quanto já havia trabalhado, que
sempre teve dois empregos, um na indústria, outro no Estado. No meio desta
conversa, ele sai com esta reflexão “Será que valeu a pena, trabalhar tanto,
deixar de viver mais a vida? Passei a maior parte de minha vida dentro de
escritórios, escolas, sem ver o sol.”
De vez em quando
me pego pensando nesta conversa. Conversa que aconteceu a cerca de uns dez
anos. Esta fala dele me marcou muito.
Recentemente em
uma conversa familiar, um de meus irmãos conversava com nossa mãe, pedindo para
ela ficar um pouco mais em casa, curtir mais a casa dela, a cidade onde está
morando. Minha mãe, que teve uma vida de muito trabalho, difícil, toda ela
dedicada à família, a criar e educar os filhos, para rebater a fala dele,
curtir a liberdade tardia, responde “Filho, vou viajar sim. Vou sair a hora que
quiser. Sabe eu dormi, acordei e já estava velha, minha vida tinha passado!”
Fiquei, ainda
estou, com esta fala dela na memória. De certa forma a maioria de nós passa por
isto. Ficamos tão envolvidos em nossas obrigações profissionais, familiares,
que não aproveitamos tanto a vida, talvez, como gostaríamos. O tempo não
espera. Ele continua passando. Ele continua jovem, rápido, voraz. Enquanto nós
vemos nosso corpo se transmutando. Nosso rosto adquirindo suas marcas. Nosso
corpo mostrando os primeiros sinais de desgaste.
Acho que hoje
concordo com Clarice, quando fala da rapidez do tempo.
“O tempo passa
depressa demais e a vida é tão curta. Então — para que eu não seja engolido
pela voracidade das horas e pelas novidades que fazem o tempo passar depressa —
eu cultivo um certo tédio. Degusto assim cada detestável minuto. E cultivo
também o vazio silêncio da eternidade da espécie. Quero viver muitos minutos num só minuto.” (Clarice Lispector, in Um sopro de vida)
também o vazio silêncio da eternidade da espécie. Quero viver muitos minutos num só minuto.” (Clarice Lispector, in Um sopro de vida)
Pensamento de Clarice Lispector. Fonte: http://pensador.uol.com.br/frase/NTc0ODQ5/.
Acesso em: 30/06/2013.
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