Andando apressadamente pela rua a caminho de um
compromisso, passo diante da Catedral, ouço os sinos tocarem. Logo me vem à
mente o motivo deste toque. As seis horas da tarde, talvez chamando os fiéis
para a missa, ou ainda o horário da Ave Maria. Poderia ser também o aviso para
um funeral.
Quem de nós não parou para olhar a localização dos
sinos nas Igrejas? Ficam no topo das torres, o ponto mais alto das igrejas,
catedrais. Deste local, quando soam, seu som se espalha até muito longe, não
precisando de nenhum aparelho especial nem de última geração para ouvi-lo,
somente o nosso ouvido!
Mas ia falando desta minha rápida caminhada pela
calçada da Catedral, quando mais adiante, no próximo quarteirão, passo por uma
mulher, empurrando um carrinho de bebê e ao lado outra criança, que ao ouvir o
tocar insistente do sino, apressa o passo dela e por conseguinte o da criança,
do carrinho de bebê, todos passam rapidamente por mim, mas ouço a senhora dizer
“Nossa! Já está começando a novela!”
Esta frase da mulher e seus passos mais apressados,
diante do badalar dos sinos, me tocaram... Alguns sininhos tilintaram na minha
cabeça!!! Imediatamente pensei nas
coisas, no valor que atribuímos a elas, no significado que elas têm, mas que vão
mudando de acordo com o tempo e com as gerações.
O sino chama para uma reunião, uma reunião de pessoas
para um evento alegre ou triste, mas uma reunião. Na Igreja elas comungarão a
mesma crença, mesmas orações, além de literalmente comungar, ou seja, realizar
um dos sacramentos da Igreja Católica.
Há vários anos as pessoas se reuniam diante da TV,
assistiam aos jornais, novelas. Todos na sala, sentado nos sofás, olhando um
programa, mas conversavam, mesmo que fosse nos intervalos, comentavam a novela,
o mocinho, a mocinha. Até porque um aparelho de televisão custava caro, não era
algo que se tivesse com facilidade, nem que estivesse presente em todos os
lares.
Atualmente a televisão está presente em todas as
casas, em todos os quartos, na sala, na cozinha, no consultório do dentista, da
ginecologista, na rodoviária, nos laboratórios de análises clínicas, nas salas
de espera de hospitais.
Por estar presente em vários cômodos das residências
houve uma mudança nos hábitos das pessoas, que não mais se encontram diante
dela. Cada um vai para seu quarto, senta-se ou deita-se confortavelmente e
assiste a sua programação preferida, sem ser incomodado, sem falar, sem
comentar o filme ou a novela.
Além desta personagem muito presente em nossas casas,
temos atualmente mais um morador, que se tornou muito popular, seu preço
barateou e por isto está presente em praticamente todas as classes sociais.
Ele veio de mansinho, porque a gente precisava fazer
cursos e mais cursos para aprender a manuseá-lo, além disto era caro! Os mais
em conta, só se comprássemos de alguém que montasse o equipamento, lógico, não
era de nenhuma marca conhecida, mas funcionava, servia muito bem!
Atualmente este mocinho tem várias versões e nomes. Eu,
claro, estou diante da telinha de um deles, escrevendo este texto: o
computador.
Ele também já fez algumas revoluções! As crianças
parecem nascer sabendo utilizá-lo tal a intimidade que tem com ele. Abrem
programas, fecham, jogam os mais diversos jogos, acessam sites, chats, redes
sociais...
O que mais teremos para mudar nossos costumes? Você
tem algum palpite?
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