Tem um comercial de televisão que diz “Nada muda, se
você não mudar”. Mas que tipo de mudança? Em quais situações?
Acredito que esta frase da propaganda, fala de
mudanças internas, que acabam se refletindo no nosso exterior, nas nossas ações,
por isto também chegam até as pessoas ao nosso redor.
Mas o que nos impele a mudar?
Vou começar a falar de algumas mudanças que vivi, como fui
impelida a mudar!
Quando terminei minha primeira faculdade, após anos
sem estudar, por falta de condições financeiras, tive que correr atrás de
trabalho. Na cidade onde morava, na época, não havia muitas possibilidades,
pois era pequena e os empregos se resumiam a: comércio (para ganhar salário mínimo);
em banco, mas as vagas eram poucas e eu não tinha qualificação; no magistério,
mas a cidade na época tinha no máximo três escolas e meus ex-professores
continuavam na ativa, logo as vagas não eram tantas para absorver ano a ano
todos os formandos da Faculdade, onde estudei.
Minha primeira tentativa foi mudar para uma cidade da
grande São Paulo. Fiquei dois anos. Trabalhei quase um ano, mas por motivos
alheios a minha vontade, tive que retornar a minha cidade natal. Este um ano de
trabalho foi muito importante para mim, pois aprendi muito, há conhecimentos
que me valeram tanto na vida profissional, como na pessoal. Havia a
possibilidade de retorno, caso eu não me desse bem, pois as portas da empresa
ficaram abertas para mim. O Diretor da empresa na época, um armênio, me chamou
para conversar e saber os motivos de minha saída, tentar me dissuadir desta
ideia.
Voltei novamente para minha cidadezinha de interior.
Novamente desempregada. Não passei muitas dificuldades, pois fiz uma reserva
com o que recebi, na época, ao sair da empresa. Voltei, fiquei no máximo dois
meses sem trabalho, procurando, claro. Não me lembro quem, mas me disseram que
era fácil conseguir aulas em uma cidade de São Paulo, no pontal do
Paranapanema. Não pensei duas vezes! Consegui as informações necessárias e fui
atrás, fui até outra cidade, de outro estado, em um Diretoria de Ensino,
sozinha, sem ninguém. Me inscrevi, fiquei neste ano atuando nesta cidade, no
Pontal, vivendo e auxiliando minha família com as poucas aulas que tinha,
fazendo uma ginástica para o dinheiro render. Nesta época éramos eu, minha mãe
e dois irmãos com 11 anos.
No final do mesmo ano recebemos a notícia de um irmão,
que havia, com muita dificuldade, comprado duas casas. Uma delas destinada a
minha mãe, seria cedida a ela. Em tempo recorde resolvemos tudo e nos mudamos.
De volta à grande São Paulo!
A necessidade e a oportunidade nos impeliram a
mudar!
Apesar de não sabermos se daria certo ou não, nos
jogamos de cabeça nesta mudança: de cidade, de trabalho, de Estado, de casa. Uma
mudança radical!
O mais importante nesta mudança foi o apoio da família:
deste meu irmão, que cedeu sua casa para a mãe e os irmãos, por um longo tempo,
sem cobrar aluguel. Neste período de grandes carências, em especial a
financeira, a família se apoiou, em todos os sentidos!
Nos mobilizamos para ajudar minha mãe, meus irmãos,
que ainda eram crianças. Esta mobilização era até mesmo em relação à educação
dos caçulas!
A necessidade e a oportunidade são importantíssimas,
mas ninguém faz nada sozinho! Vivemos em grupos: família, escola, o trabalho,
os amigos.
Minha família tinha tudo para ter se desfeito, ter se
desestruturado sem recuperação! Cada um de nós, a maioria, se mobilizou, abriu
mão de certas coisas para apoiar aquele que estava precisando. Ainda hoje
agimos assim!
No trabalho estamos o tempo todo em relação de
interpedendência com os demais, sejam aqueles que trabalham diretamente
conosco, ou aqueles com quem trabalhamos indiretamente.
Na escola isto também acontece, afinal as coisas só
acontecem se cada um fizer o seu papel, atualmente somos cobrados a fazer além
dele!
Pensemos na escola... Para que professores e alunos
tenham material em sala de aula (giz, datashow, notebook, réguas, entre outros)
há todo um trabalho da direção, de planejamento para poder gastar os recursos,
de acordo com as regras, mas que possam atender as prioridades. Isto para
falarmos o mínimo, sem abordar o restante do cotidiano de uma escola, seja ela
grande ou pequena.
Mas o que impele as equipes escolares a mudar? Ouvindo
relatos de profissionais da área, verificamos que a mudança acontece:
- porque houve um diagnóstico da atual situação da
unidade escolar;
- detectou-se que algo não ia bem;
- foram propostas ações e responsáveis pelas mesmas,
prazos para execução, avaliação dos resultados.
Na nossa região existe uma escola, que há anos
desenvolve um projeto de leitura diária, em todas as turmas, com horário
definido. Este projeto se transformou em uma rotina da escola. Claro que foram
avaliando e fazendo mudanças, mas perceberam que este projeto teve interferências
positivas na aprendizagem dos alunos.
Além do diagnóstico, o mais importante é o desejo e a
firme vontade de mudar. Não adianta
diagnosticar, constatar, cruzar os braços e esperar que a mudança venha dos
outros!
“Uma visão
sem ação, não passa de um sonho. Ação sem visão é só um passatempo. Uma visão
com ação pode mudar o mundo!” (Frase
do vídeo abaixo)
Comentários
Que fantástico ler as suas palavras, parece que até ouço a sua voz. Há coincidências que não sabemos explicar. Ainda agora lia um excerto de um texto de Hegel sobre transformação, o que nos leva à mudança, à ação de mudar. É a nossa humanização, o fato de que a mudança não pode ficar somente na dimensão idealizada, deve ser posta em ação, por necessidade ou por vontade como você relata no seu texto. Adorei. Um beijo enorme