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João Delfiol Construções

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Vida: perdas e danos


A gente comenta que a vida passa rápido. Que em um abrir e fechar de olhos as coisas mudam, mas não temos a exata consciência disto. Eu pelo menos não tinha!
Na infância e adolescência, apesar de problemas financeiros, familiares, sempre tive meus pais por perto, meus irmãos, meus tios, primos. Com o passar do tempo as vidas das pessoas foram tomando outros rumos, o que é natural, casamentos, mudanças de cidade, nascimentos, mas ainda assim todos estavam ali.
Há uns doze anos tudo isto começou a mudar. Primeiro faleceu meu pai, o irmão mais novo, de uma família de seis: quatro irmãos e duas irmãs, uma delas mais nova que ele. Depois disto, a cada três anos, mais ou menos, foram morrendo os irmãos dele. Até que sobraram as duas irmãs, uma delas está com bem mais de oitenta anos. Estas perdas tão próximas mexeram comigo, pois sempre fomos muito próximos da família de meu pai.
Há uns três anos mais ou menos, tivemos a perda de um primo, que tinha a minha idade, que morreu brutalmente em um acidente de trânsito, provocado por um motorista de vinte e seis anos, e envolveu além dos dois carros de passeio, mais duas carretas! Este primo, pessoa boníssima, muito querido por todos nós, estava planejando refazer sua vida, segundo sua mãe, estava cheio de planos. Ela, minha tia, ficou abaladíssima com a perda do filho caçula.
Eu havia visto esta tia no início do ano, em que o filho dela morreu. Era ainda mulher forte, de voz firme, batalhadora, olhar terno, carinhosa com todos, de uma fé em Deus muito forte, sempre envolvida com as atividades da Igreja, ajudando o próximo.
Recentemente falei com ela por telefone, na verdade, ela quase nem se lembrava de mim, me confundia com a filha dela. Chorou muito. A voz ainda era a mesma, mesmo entrecortada pelo choro, pela tristeza, pela dor.
Dias depois vi uma foto dela em uma rede de relacionamentos. Só a reconheci, porque estava rodeada pelo outro filho, nora e netos. Em nada lembrava aquela mulher, que eu havia visto três ou quatro anos antes. Muito velhinha, cabelos brancos, magrinha, de cadeira de rodas...
Esta foto também mexeu muito comigo, pois sempre freqüentei muito a casa desta tia, não só eu, a família toda, pois ela sempre foi acolhedora, carinhosa, amiga, sempre tinha uma palavra de encorajamento para cada um que estivesse com problemas. Tanto era assim, que durante anos participou da Pastoral Carcerária da Igreja Católica na cidade onde mora. A casa dela sempre estava aberta à família, amigos dela e dos filhos.
Soube por amigas, que moram na mesma cidade, que ela estava assim, debilitada. Tinha sabido, tempos antes, pela filha dela, que ela estava passando por problemas de saúde, pois estava depressiva, após a morte do filho mais novo.
Estes relatos, claro, me preocuparam. Me deixaram triste. Mas ver aquela foto, não reconhecer a tia, a mulher forte, que passou por tanta coisa na vida, que, mesmo triste, erguia a cabeça, enfrentava as dificuldades, grandes, que tivera. Aquela imagem me chocou muito!
Acho que a perda, a imensa perda do filho mais novo, a tristeza profunda, a tristeza a feriu muito, de tal forma que transformou-se em doença.
Acredito que nenhuma mãe amorosa, como ela sempre foi, imagina perder um filho, ver o filho ser arrancado dela de forma tão brutal, tão inesperada, tão horrenda, tão inesquecível.
Até quando veremos isto acontecer? Pessoas irresponsáveis com um carro nas mãos, dirigindo sem pensar no próximo, nem em si mesmo, destruindo a vida dos que morrem no acidente e dos que ficam sem seus entes queridos?

Comentários

Ivan Leite disse…
Enquanto não se mudar as leis, e o poder público não fizer respeitar as leis,vai ficar difícil resolver situações de impunidade.
Bernardete disse…
Acredito que a mais dolorosa perda seja a morte de um filho, um pedaço nosso é arrancado e deve deixar uma tristeza infinita.
Anônimo disse…
Quero parabeniza-la pelo blog com tão e tantas informações interessantes. Sendo eu uma pessoa que gosta de compartilhar o que há de bom na internet com os meus amigos, solicito copiar alguns de seus textos, devidamete informando a autora, para passar em meus contatos, tanto por e-mail, como pel face book e pelo blog que estou criando. (quando estiver novamente ativo pois ele já existe) passo a vc para suas criticas e avaliações. Mais uma vez, parabens pela ideia do blog. Valeu.
Mauricio
catléia disse…
Maurício, obrigada pelos comentários, pelos elogios.
Quanto à autorização para copiar os textos, posso pensar no assunto, mas gostaria primeiramente de conhecer o seu blog, por enquanto se quiser, poderia colocar links para os textos que gostou abaixo dos seus textos como sugestão de leitura!!!
Obrigada por acessar o blog, por comentar!
Quero muito conhecer o seu, poder acompanhá-lo!

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