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João Delfiol Construções

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Algumas palavras sobre jovens e educação

Nós, que trabalhamos na Educação, em especial a paulista, estamos desanimados com esse estado de coisas, pois seja no Ensino Fundamental ou no Ensino Superior, o que se vê é um constante estímulo ao desenvolvimento, nos alunos, da lei do menor esforço.


Logo no início das aulas solicitei as minhas turmas dois textos ou três, dependendo da turma, avisei-os que serviria para avaliação. Os textos iniciados na sala, que deveriam ser entregues na próxima aula, foram entregues por uma minoria dos alunos. Os textos que exigiam alguma pesquisa, mesmo com integrantes da família, não foram feitos pela maioria dos alunos, nem foram entregues apesar de ter alargado o prazo, ter cobrado, resultado: para que tivessem as mesmas avaliações dos demais alunos, daqueles que realmente estudam, tive que trazer folhas com as comandas dos textos digitadas, entregar a cada um deles, dar uma, duas, três aulas para que fizessem em sala de aula, mesmo assim alguns alunos simplesmente receberam as folhas, dobraram, puseram embaixo da carteira, viraram para o amigo, conversaram, no final da aula, entregaram a redação em branco.


Esses mesmos alunos foram mal em duas outras avaliações, ou então fizeram como o texto: entregaram apenas como o nome, mais nada. Eles também são aqueles, que ouvem o primeiro sinal para entrar na sala ou troca de aulas, ouvem o segundo sinal (específico para o professor na entrada), continuam pelos corredores conversando, minutos após a entrada do professor (a) em sala, chega, empurra a porta, quer entrar.


Atualmente temos, digo temos, porque ouço isso dos demais professores, problemas para atribuir nota, pois há alunos, que vêm pra escola, sentam-se na carteira, conversam a aula toda, nem copiam a matéria, só copiam caso o professor passe dando visto no caderno, como também usando esse visto para “dar nota”.


Isso nos desanima, mas somos professores do ensino fundamental e do médio!


Mas não pensem que nas faculdades está melhor, em especial em algumas particulares, cuja média é 5,0, mesmo faltando às aulas os alunos não ficam com ausências, uma vez que os sistemas são informatizados, mesmo que o professor deixe-os com falta, o coordenador tem como acessar e “sumir” com essa ausência.


Estudei em uma faculdade particular do ABC, que já tinha uma certa fama de ter uma qualidade duvidável, entretanto tínhamos muitos bons professores, nossas ausências às aulas, mesmo com justificativa por escrito (motivos de trabalho) não eram retiradas.


Agora essa mesma faculdade, comprada por uma gigante da educação superior, reduziu o número de horas/aula, mesmo os alunos faltando... bem já imaginam o que acontece! Meu irmão iniciou o curso superior nessa mesma faculdade há tempos atrás, antes de a instituição ter sido vendida, mas precisou parar o curso, retornou agora. Ele nos contou que está desapontado, pois a qualidade, a organização caiu muito.


Diante disso tudo fica a pergunta: que cidadão estamos formando? Será que estamos formando um cidadão? O que estamos formando?


Com um mundo cada vez mais globalizado, onde os trabalhadores são cada vez mais chamados a se especializar, estudar, falar duas ou três línguas, no mínimo; saber informática, entre outras habilidades que lhes são cobradas, como essas pessoas viverão nesse mundo?


Um mundo onde até os cortadores de cana-de-açúcar estão sendo substituídos por máquinas potentes, computadorizadas, que são operadas por apenas um homem, que colhem muito mais do que dezenas de trabalhadores, onde trabalhará a mão de obra sem especialização?

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