Hoje, após ler um texto de Marcos Kahtalian intitulado “É melhor ler Harry Potter”, que trata da curiosidade benéfica causada pelas histórias do bruxinho, devorado pelos adolescentes, que lêem 600 páginas em dois dias!, relembrei minha época de aluna.
Ao contrário de algumas professoras de Ciclo I (1ª a 4ª série), que lêem livros paradidáticos diariamente para seus alunos, não tive professoras assim! Não tinha livros à mão cheia em minha casa. Não tinha biblioteca aberta aos alunos nas escolas onde estudei.
Minha lembrança de biblioteca, da escola onde fiz o primário, era uma casa que vivia fechada, onde nunca tive o prazer de entrar. O único livro que conheci nessa fase, na escola, foram a cartilha e os demais livros didáticos (comunicação e expressão).
Na escola onde fiz o ginásio, havia um espaço, com portas de vidro, que deixavam ver as estantes, os livros, mas também nessa época, nunca entramos nela. Nunca fomos levados até ela pelos professores, nem a víamos aberta durante o período de aulas. A biblioteca parecia um tabu!!!
Mas nem tudo foi perdido!!! Na 5ª série do ginásio tive uma professora de Língua Portuguesa, que sempre levava livros dela, que provavelmente ela estava lendo, que emprestava aos alunos.
Desta forma, li alguns clássicos, até da literatura internacional, como o “Morro dos Ventos Uivantes”!!! Esse foi o livro que mais me marcou, nesse período, pela sua narrativa densa, pelo mistério envolvendo os personagens. O título do livro já é um convite à leitura, ao mistério, à decifração.
Li vários da Agatha Christie, a dama do mistério, cujos livros de histórias de muito suspense nos cativam a cada página, a cada acontecimento, como verdadeiros detetives, relendo para tentar encontrar as pistas do provável assassino.
Mais tarde, no ponto de ônibus, indo para a faculdade, fui descobrindo Fernando Sabino, cujos livros de capa dura verdes emprestava da vizinha, D. Lúcia, que sempre abria as portas de sua casa e de sua biblioteca particular para uma estudante do curso de Letras, pois ela, bancária, tinha como primeira formação, a Língua Portuguesa.Na faculdade, também emprestava livros da biblioteca, local onde também estudávamos para as provas em uma salinha, a hemeroteca, sentados (eu e amigos de curso) em sofás vermelhos, cadeiras. Quantas horas passamos nessa salinha, cercada de duas ótimas companhias, dois amigos: o livro e meus inesquecíveis colegas de faculdade: Pedro Nóbrega, Marley, Neuza (com z)...
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