Acabo
de assistir uma “killing”. Aquela notícia “boa” para fazer o telespectador
esquecer tudo de ruim, que assistiu no jornal.
A
matéria em questão mostrava o quanto Tóquio, capital do Japão, é mantida limpa,
impecável com a ajuda de voluntários. Encerram a notícia dizendo: “Viu? É
possível!”
O
que se esquecem os âncoras de tal jornal, que no País em questão, as pessoas
têm garantidos seus direitos fundamentais: saúde, educação, segurança.
Não
disseram também, que neste País a expectativa de vida, acredito, seja maior do
que a do brasileiro. E por quê? Porque eles têm educação, saúde e segurança.
O
que mais eles têm? Leis mais duras, uma educação tradicionalíssima, chegando ao
ponto das crianças limparem as escolas e lavarem a louça, após a alimentação
escolar. Coisa impensável em nosso país!
Será
que a carga tributária do Japão é tão pesada quanto a nossa e com um retorno
ínfimo aos cidadãos pagantes de impostos? Não os chamo de contribuintes, pois
contribuinte vem da palavra contribuir, contribuição. Que eu me lembre (lembro
muito bem!) os governos Federal, Estadual e municipal não me perguntaram por
carta registrada, e-mail ou consulta pública, se eu queria pagar impostos e
quanto eu estava disposta a pagar, ou melhor, quanto eu poderia contribuir ou
gostaria de contribuir, nem me informaram, qual seria a contrapartida dos
impostos pagos.
Sei
que na carta magna, a constituição federal de 1988, estão lá escritos vários,
inúmeros direitos do cidadão. Entre eles: educação, saúde, segurança. Temos educação
de qualidade para todos? Temos saúde de qualidade para todos? Temos segurança?
Não
me venham agora com estas ideias, jogadas a cada jornal ou programa de tv, que
se eu quiser melhorar minha cidade, meu estado e meu país, terei que fazer
serviço voluntário!
Os
senhores presidente, governadores, prefeitos, secretários de estado,
secretários municipais e tantos outros cargos comissionados fazem serviço
voluntário?
Vejam
no portal da transparência, quanto recebe um secretário de estado para
participar de reuniões de conselhos diversos, para as quais ele têm abono de
ponto no seu cargo, provavelmente vá até com o carro oficial. Eles não fazem
serviço voluntário! Recentemente verifiquei no site da transparência do Estado
de São Paulo, quanto recebe um secretário de estado para participar destas
reuniões de conselho... Chega perto de 10 salários mínimos!
Já
participei, enquanto funcionária pública, de membro de um conselho municipal de
educação. Ia para as reuniões de ônibus, cujas passagens eram pagas com meu
dinheiro, do meu bolso! Nunca recebi um centavo para isto!
Não
critico quem faz serviço voluntário para ocupar seu tempo. Também não critico,
quem faz por querer ajudar o próximo.
O
voluntário vai se quiser, vai quando quiser, fazer o que quiser.
Os
serviços públicos, que pagamos, pagamos caro, não podem ser relegados à bondade
de voluntários! Pagamos muito caro por os serviços, por exemplo, de limpeza
pública, varrição, entre outros.
Mas
o que é “killing”, que citei acima? Certa vez assisti uma palestra do Marcos
Napolitano, sobre a televisão na sala de aula, na qual ele usou este termo se
referindo exatamente a estas notícias, de final de jornal, cujo intuito é
“matar” aquele mal estar deixado pelas notícias ruins, é deixar uma esperança
para o indivíduo, que assiste o jornal na tv.
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