Dia
destes conversando rapidamente com uma colega do trabalho, que não via há
bastante tempo, ela me falou sobre o meu blog e perguntou porque eu não estava
mais escrevendo.
Realmente
faz bastante tempo que não escrevo. Falei a ela a respeito inclusive dos motivos.
Todos
nós passamos por cerca de dois anos de pandemia e duras mudanças em nossa vida,
nosso cotidiano, no cotidiano das pessoas, que nos cercam seja no ambiente familiar,
quanto no ambiente profissional.
Durante
a pandemia fomos massacrados pela mídia diariamente com aqueles informes sobre
a covid 19, as centenas de mortes diárias, os cemitérios com covas sendo
abertas aos montes, as pessoas morrendo por falta de oxigênio e vagas nas UTIs.
Não bastasse isso os governos faziam diariamente suas falas sobre o assunto no
horário de almoço e de jantar! Era um massacre interminável e de todos os
lados! Um pesadelo, então, sem dia, nem hora para acabar.
Nos fechamos,
ainda mais, em nossas casas, tentando nos proteger e proteger os nossos entes
queridos. Mesmo após a vacina, que iniciou, assim que possível, pelos
professores e profissionais da educação, ainda assim o medo nos atacava.
As visitas
presenciais, assim que possível, às escolas não eram as mesmas. Eram espaços de
um silêncio pesado e incômodo! As escolas estavam sendo cuidadas, limpas, a
vida funcional estava sendo administrada como a vida escolar dos alunos (aulas
virtuais, envio de trabalhos impressos, avaliações, contatos por todos os meios
com os responsáveis). As paredes estavam nuas! As salas de aula vazias e com as
carteiras incomodamente arrumadas respeitando a distância social aguardando um
retorno presencial, que nunca chegada!
As
idas às cidades, onde se localizam as escolas de meu setor, eram sempre permeadas
de medo, ansiedade ao ver o atendendo o pedágio sem máscara falando comigo e
tocando com as mãos e devolvendo o dinheiro. Ao conversar com o Diretor e os
funcionários, que trabalharam presencialmente, como eu, parte do tempo, boa
parte remotamente, sabíamos dos problemas do alunado, dos funcionários, dos inúmeros
casos de covid 19.
Depois
de um longo tempo retornamos ao trabalho presencial, todos, inclusive alunos.
Mas de lá prá cá as coisas não se tornaram mais fáceis! Estas visitas ainda são
pesadas! Muito pesadas! Não é a viagem que pesa. Não é o trabalho na escola,
que pesa. Não é a conversa, muitas vezes, longa com Diretor e demais membros da
equipe que pesa. O que pesa, muito, é saber da real situação, que muitos alunos
retornaram. Com o emocional em frangalhos! E não estou exagerando, aliás estou
sendo até delicada na minha fala.
Quem
pensa, erroneamente, que no trabalho que realizo, por estar em outro prédio, em
outra cidade, não estar todos os dias dentro de um prédio escolar, que se trata
de um trabalho simples, fácil, sem ser tocada pelas questões do alunado, engana-se
redondamente. Só se eu não fosse um ser humano, se não tivesse coração, muito
menos empatia e sensibilidade para não me afetar com o sofrimento de crianças e
adolescentes.
Nós
também voltamos doentes, apesar do estado ter demorado a ter a mínima percepção
disto, ainda assim tentar nos fornecer ferramentas para podermos apoiar as
equipes escolares. Mas quem cuida do nosso emocional? O Iamspe? Não cuida, nem
das dores físicas, com a extrema dificuldade imposta em nos atender dignamente.
Por
que falo sobre isto, questões profissionais? Porque é um dos motivos pelos
quais parei de escrever e me resguardei de revolver em terrenos para os quais
não estou preparada.
Além
destas questões têm as pessoais, que acabam sendo impactadas pelas anteriores.
Neste
ano, 2022, que iniciei cheia de planos, muitos deles não ocorreram, nem vão
ocorrer.
Me
afastei de um grupo de fotografia, no qual participava ativamente no facebook.
Me afastei
de uma associação de fotógrafos, na qual também participava ativamente desde
sua criação.
Este
ano não saí uma única vez com o intuito
de fotografar!
Claro
que, ainda assim, fotografei com o celular cenas do meu cotidiano em casa, algumas
vezes, no trabalho.
Tudo
isto, ainda nem disse tudo, para dizer que, assim que possível, retomarei minhas
atividades no blog, mas que, por enquanto, preciso ficar assim, off line, mais
comigo mesma, talvez em um caminho de reencontro com a pessoa, se é possível,
de antes da pandemia, se não for possível, quem sabe uma versão melhorada de
mim mesma.
Gratidão
a todos os leitores e leitoras, que me acompanharam!
Comentários