Pular para o conteúdo principal

João Delfiol Construções

João Delfiol Construções

RETROSPECTIVA DO BLOG

Criado com o Padlet

Aprendi a praticar sustentabilidade com meus Pais!


Todos os anos a mídia faz reportagens no início do ano sobre a compra de materiais escolares, dicas de como reduzir os custos com a compra destes materiais. Neste ano, isto também ocorreu!

Assisti uma destas reportagens! Entre outras coisas mostrou uma diretora de escola particular, que fala, empoladamente, que a própria escola orienta os pais a reutilizarem os materiais, porque preza a #sustentabilidade.

Na mesma reportagem mostrou um grupo de mães/pais/responsáveis, que se organizam no início do ano para realizar trocas de materiais, em especial livros didáticos e apostilas, claro, visando diminuir gastos.

Vejo estas reportagens e lembro, claro, de histórias vividas pela nossa família! Penso nos  meus pais, quase sem estudos, meu pai estudou, acho, até o segundo ano primário. Minha mãe nunca estudou em escola formal. Mesmo assim praticavam a sustentabilidade, mesmo sem saber que o faziam, pois naquela época este termo nem existia!

Éramos em quatro irmãos, com idades muito próximas, cerca de um ano e pouco a dois anos entre um filho e outro, como era comum naquela época, na qual o país precisava de braços para trabalhar na roça.

Com idades tão próximas a vida escolar, claro, também era próxima! Isto aliado à falta de recursos financeiros ensinava-os a diminuir custos! Não faziam planilhas. Não faziam contas, nem cálculos exorbitantes!

Quais eram as técnicas então?

Livros didáticos eram sempre os mesmos, pois não havia o PNLD, que distribui livros à vontade! Os pais tinham que comprar! Não importava, se tinham dinheiro ou não. Os livros não eram consumíveis, ou seja, a gente não escrevia neles, desta forma, terminávamos o ano com os livros bem cuidados! Também não pegávamos nosso material escolar, ao final do ano, e rasgávamos e jogávamos diante das escolas para comemorar o final do ano letivo!

No início do ano letivo seguinte os livros eram transmitidos para o irmão mais novo, que os utilizaria novamente e no próximo ano, provavelmente, o entregaria para o outro irmão.

E não eram somente os livros, que eram entregues ao irmão!

Cadernos parcialmente utilizados eram reutilizados também! Retiravam-se as folhas usadas, arrancavam-se, caso houvessem, as etiquetas e eram coladas novas para identificar o proprietário do material.

Você pode perguntar, mas e os lápis, canetas, lápis de cor?

Também eram reutilizados!

Se o filho mais velho ganhasse uma caixa de lápis de cor nova, com mais lápis, a antiga era entregue ao irmão mais novo, que a utilizaria, com o mesmo cuidado e zelo, pois sabia, que a entregaria ao irmão mais novo!

E o uniforme?

Sim, usávamos uniformes. Também não se perguntava se a família podia comprar ou não. Eram entregues no começo do ano orientações quanto ao esporte, um desenho de como DEVERIA ser o uniforme, onde deveria ficar o emblema da escola, a família que se virasse para providenciar os uniformes de seus filhos. Você deve estar pensando, que muita gente não usava... Será?

Os pais tinham suas técnicas para driblar suas dificuldades financeiras e manter seus filhos na escola, pois valorizavam muito os estudos e isto era um mantra repetido às crianças!

O uniforme, no caso das meninas, a saia já era feita com uma barra generosa, que ia descendo com o passar dos anos. Claro que ela desbotava! O tecido da saia, quando estudei, era um tergal azul, mais grosso, com as muitas lavagens  no decorrer do ano e a secagem ao sol, como era comum, ia desbotando o tecido. Isto não nos impedia de usá-la no ano seguinte! Era legal? Tinha bullying? Não me lembro de ter passado vexame, pois não era a única a usar a mesma saia do ano anterior.

E os meninos? As barras das calças também eram ajustadas!

E quando não servia mais? A criança havia crescido, engordado?

O uniforme era utilizado pelo irmão mais novo.

E a bolsa? Mochila não existia. Quem tinha bolsa era chique! Esta era reutilizada no ano seguinte! Pela mesma criança ou pelo irmão mais novo, caso o mais velho ganhasse de presente uma bolsa nova. Presente? Sim, presente! Os presentes em nossas vidas eram raros! Não se ganhavam presentes de dia de aniversário, dia das crianças, dia de natal, dia disto, dia daquilo outro.

Somos traumatizados?

Acho que não. Aprendemos a dar valor nas coisas, que são adquiridas com esforço, muito, muito esforço, muito suor e lágrimas!

Meus irmãos mais novos, com quatorze anos de diferença, ainda vivenciaram um pouco disto, porque a vida ficou mais difícil ainda. Tiveram algumas benesses, que nós, os mais velhos, não tivemos, mas também tiveram que reutilizar roupas e calçados.

Quem ensinou meus pais a reutilizar os materiais didáticos, roupas, calçados? A televisão? O diretor da escola? O especialista em educação financeira? O cara que fez faculdade de economia?

NÃO! NÃO! NÃO!

Quem ensinou-os foi a dificuldade. A falta de dinheiro para esbanjar. O dinheiro contado.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Dicas sobre provas para eliminação de matérias e ENCCEJA E ENEM

Escrevi uma postagem com dicas para concurseiros de primeira viagem, mas analisando os atendimentos diários que faço no meu trabalho, pensei em escrever outro(s) texto(s) com dicas ou orientações sobre outros assuntos, pois mesmo com tanta informação disponível, as pessoas continuam sem conhecimentos básicos, que podem ajudá-las a resolver problemas simples do seu cotidiano, que vão desde onde procurar a informação, como também onde cobrar seus direitos. Para começar esta série de textos, vou falar um pouco das provas para eliminação de matérias. As pessoas buscam muito este tipo de avaliação, na qual, desde que atinjam as médias, eliminam todo o ensino fundamental ou todo o ensino médio. Para quem pretende eliminar o ensino fundamental - Ciclo II (antigo ginásio, 5ª a 8ª série, 6º ao 9º ano atualmente) poderá fazê-lo por meio do Encceja, que é uma avaliação de eliminação de matérias, ou seja, o candidato pode ir eliminando áreas (Linguagens e Códigos, Ciências da Nat...

Prainha de Santa Albertina e Águas Claras em Santa Fé do Sul

Quando conhecemos um lugar legal, bonito, sempre queremos contar, falar como era, as qualidades, o que vimos, o que gostamos, não gostamos. Estivemos recentemente visitando um amigo, que nos levou a conhecer alguns pontos turísticos de cidadezinhas próximas à cidade onde mora. Estivemos um Balneário na cidadezinha de Santa Albertina, mas conhecido como “Prainha”. O lugar tem uma praia de água doce, limpa, do Rio Grande (divisa com Minas Gerais e Mato Grosso do Sul), com quiosques com churrasqueira, um restaurante e lanchonete, além da vista belíssima. Como fomos a este lugar em um feriado prolongado, havia muita gente por lá, claro, o barulho próprio de gente de cidade grande. Carros com som ligado muito alto, ferindo os ouvidos daqueles que não queriam ouvir o tipo de música, que o sujeito gosta! Segundo nosso amigo o lugar é muito tranquilo a maior parte do tempo, pois pudemos verificar que a maior parte dos carros era de outras cidades: São Paulo, Jales, Campinas, entre outra...

Dica de excursão cultural: Fazenda Ipanema

Procuramos lugares interessantes, bonitos, com história, cultura para visitar e ampliar nossos conhecimentos. Muita gente sai de sua região em busca de grandes centros, pois tem uma visão de que na sua região, no interior, não tem o que conhecer. Ledo engano! Visitamos recentemente a Fazenda Ipanema, localizada em Iperó, próxima a Sorocaba, estado de São Paulo. Fácil acesso pela Rodovia Castelo Branco, próximo a Boituva, ou ainda entrando pela mesma rodovia rumo a Iperó. Optamos pela primeira opção. Até o trevo, entrada da cidade de Iperó, fomos por avenida asfaltada, mas daí por diante, até a Fazenda, uma simpática estrada de terra, com chácaras dos dois lados. Está em boas condições, pois não chovia há bastante tempo. Ainda por cima enfeitada por belíssimas paineiras floridas em alguns pontos! Mas o que tem pra ver na Fazenda Ipanema? Muita coisa! Só a natureza presente no lugar já é um espetáculo, além de amplos espaços para andar, ir apreciando aos pouquinhos a paisagem, os ...