Li, há
alguns dias, em uma das apostilas do curso de pós, que a partir dos 40 ou 50
anos as pessoas começam a pensar na finitude da vida. Tomam mais consciência
disto!
Esta
semana isto fez todo o sentido pra mim.
Levei
minha mãe ao médico. Diferente das outras consultas, perguntei à medica, se eu
entrava com a mãe ou se ela entraria sozinha. A média respondeu que queria
falar com ela primeiro, depois eu entraria.
Sempre
entrei junto, pois minha mãe tem problemas auditivos causados pela idade, assim
somos os interlocutores dela, os ouvidos dela. Tudo que a médica fala, a gente
repete pra ela, ainda explica algumas coisas. Também precisamos relatar como
tem sido o comportamento dela, coisas que nos causam preocupação.
Não
entrei de imediato.
Quando
a médica enfim me chamou adentrei a sala, sentei ao lado da minha mãe, na
cadeira vazia. Vi que ela estava enxugando as lágrimas!
A
médica então comentou, que achava que ela estava meio depressiva. Perguntou se
ela era assim de chorar. Que minha mãe havia comentado, que tem pensado em
morrer, que quando ela morrer vai se encontrar com as pessoas, que já se foram,
que irá encontrar um filho, que ela perdeu (um aborto espontâneo), quando eu
era criança, acho que uns 5 anos mais ou menos.
Eu
comentei, que também tenho pensado nestas questões, mas que o fato da minha mãe
estar mais reclusa, ter conversado menos com vizinhos, saído menos, a tem
deixado mais depressiva. Afinal durante a pandemia, que estamos vivendo quem
tem vida normal? Ninguém.
Pensei
também em um outro lado da velhice. O mal de Alzheimer. Uma de minhas tias
teve. Nós a visitamos certa vez, quando ela já estava no estágio, no qual não
conhecia mais os próprios filhos. Não conseguia mais mastigar a própria comida,
assim só podia engolir comida pastosa.
Quando
a visitamos tentei consolar minha prima, dizendo que a tia, aquela pessoa, já
não era mais a tia, que conhecemos, que ela não tinha mais consciência de si e do
mundo, logo não sabia nem que estava sofrendo, que os filhos sofriam por vê-la
assim.
Fiquei
me questionando... Apesar de toda dificuldade imposta à família com um idoso
com Alzheimer será que não é melhor, que
ter a consciência, a dor, o medo, o terror da morte?
Todos
sabemos que, uma hora ou outra, iremos morrer, mas estamos todos tão
assoberbados em viver a vida e seus infinitos afazeres diários, que não temos
tempo para pensar no assunto. Com a idade, com a aposentadoria, com a pandemia,
com a quarentena, com o tempo, tudo nos leva a matutar no assunto do término da
nossa vida.
Como
lidar com isto?
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