Quem atua no setor público ouve há anos, décadas, expressões do tipo: orçamento participativo, escuta ativa, ouvir o povo, ouvir os servidores. Ou ainda estamos tomando tal atitude ou realizando tal projeto, porque ouvimos os envolvidos. Ou estamos descontinuando tal projeto, porque ouvimos os diversos segmentos envolvidos.
Também
recebemos, por e-mail, de instituições diversas, inclusive de empresas
particulares, questionários para avaliar atendimento, produtos, serviços
diversos.
A
maioria destes questionários de “escuta” possuem questões fechadas, ou seja,
com alternativas e sem espaços para outras observações por parte dos
respondentes, ou seja, os servidores públicos, os diversos segmentos, os consumidores.
Há
aqueles, raros, onde o órgão/empresa, em um momento de bondade magnânima,
coloca, entre várias questões fechadas, uma questão aberta! Questão aberta é
aquela onde, em tese, poderíamos dar nossa opinião a respeito do assunto do
questionário com liberdade. Eu disse que EM TESE! Por que em tese?Nem sempre
quem faz os questionários quer, de fato, nossa opinião sincera!
E o
que eles fazem com esta questão “aberta”? Limitam por meio de definição de
quantidade de caracteres. Isto não fica informado em lugar nenhum. Quando você,
caro leitor, busca expressar neste espaço, nesta questão aberta (?) a sua
opinião crítica a respeito aparece, quando você não consegue digitar mais
nenhuma letra, a informação castradora, antidemocrática dos “200 caracteres” ou
“150 caracteres”. Pior! Não informam se são caracteres com ou sem espaços! Sim,
porque isto faz diferença!
Dia destes preenchi um destes questionários. Não eram muitas questões! Havia a tal questão pseudo aberta!! Me empolguei!! Não consegui expor minha opinião. Revi o texto. Tirei palavras, sem mudar o sentido. Não deu. Revi novamente. Reescrevi o texto. Não deu. Reli e reescrevi mais uma vez. Não deu. Enfim... consegui me limitar aos malditos e insanos 200 caracteres!
Isto é
escuta ativa?
Onde,
de fato, a pessoa poderia expressar sua opinião de forma mais coerente com seu
pensamento e avaliação é limitada por meio dos 200 caracteres.
Esta
medida é motivadora de um diálogo? Ou querem um monólogo?
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