Vejo e
leio muita gente opinando sobre educação, em especial, jornalistas, que opinam
sobre tudo. Nada contra, mas não vejo, com frequência, professores se metendo
no ofício dos jornalistas.
Mas
meu assunto aqui não são críticas a estes profissionais. O assunto aqui é
educação. Por quê? Porque estou neste meio, há mais de vinte anos, além de duas
Faculdades, uma delas bem específica, duas pós graduações, uma delas com foco
em gestão educacional, outra em gestão da rede pública, tenho formação inicial
magistérios das séries iniciais, mais tarde, fiz um curso, de quase 400 horas,
específico sobre alfabetização com foco nas teorias de Emília Ferreiro, que
foram sistematizadas, por aqui, em programas para os Governos Federal e
Estadual como o Letra e Vida, atualizando a formação dos professores
objetivando que estes pudessem compreender estas teorias, conseguir aplica-las
em sala de aula, desta forma melhorando a aprendizagem dos alunos,
consequentemente a alfabetização plena nos primeiros anos do ensino fundamental
I.
Além
do currículo acima, que me forneceu conhecimentos para tratar deste assunto,
sou observadora da vida, das pessoas ao meu redor, de acontecimentos, que
chamam minha atenção.
Tal
como Jean Piaget, que observava seus filhos, desta forma foi elaborando suas
teorias sobre a aprendizagem da criança nos primeiros anos de vida, também
observo meus sobrinhos e sobrinhas, porque estão passando ou já passaram por
esta fase anterior à escola e a fase dos primeiros anos escolares, da
aprendizagem da leitura e da escrita, da alfabetização.
Tenho
sobrinhas que estão no terceiro e quarto anos do ensino fundamental. Ambas
alfabetizadas, lendo e escrevendo, claro, que com alguns problemas
ortográficos, o que não é um grande problema, pois neste momento estão adquirindo
conhecimentos formais sobre a língua escrita, que, como sabemos, a língua culta
é diferente da falada, no nosso caso, a Língua Portuguesa, tem muitas regras,
muitas exceções, o que confunde adultos e crianças em especial.
A que
está no terceiro ano adora ler, o que é muito bom, pois por meio da leitura ela
amplia seus conhecimentos sobre a língua culta, adquire e amplia seu
vocabulário, o que influenciará sua fala e sua escrita. Além das leituras
obrigatórias, indicadas pela escola, cujos livros são adquiridos pelos pais,
são lidos no decorrer do ano, ela também realiza outras leituras, por prazer.
Ambas
estudam em escola particular, que não é das famosas da cidade, nem das mais
caras. Pelo que já pude perceber, observando as provas feitas por elas,
atividades nos cadernos, o ensino é tradicional, o que equivale a dizer, que
valoriza o armazenamento de informações, a educação bancária, conforme
denominou Paulo Freire, ou seja, aquela que acredita que o aluno é um receptor
de informações, portanto o professor vai depositando-as ali, sem haver uma
preocupação se houve entendimento ou não, foco é a quantidade.
Nesta
escola as turmas são pequenas, têm cerca de dez alunos em cada uma, o que
permite ao professor um acompanhamento próximo da aprendizagem dos alunos, mas
mesmo assim, com este número reduzido, há problemas disciplinares.
O que
há de diferente, então? Estive em uma reunião de pais, na qual percebi a
presença de todos, pais ou mães.
O que
percebo na educação de minhas sobrinhas? O que gostaríamos que todas as
crianças tivessem: acompanhamento da família, aqui, coloco a palavra família,
sem querer usá-la em seu sentido tradicional. Família entendida aqui como os
responsáveis pela criança, seja o pai, a mãe, ambos ou a avó, dois pais, duas
mães... O tipo de família não importa, o que importa, sim, é a atenção e a
educação dadas ao ser em formação: a criança.
Minha
cunhada acompanha a educação de ambas de perto. Quando digo acompanha, não é
simplesmente olhar os cadernos e perguntar se o dia de aula foi bom. Ela coloca
as meninas para fazer suas tarefas, assim que chegam da escola; acompanha se
estão fazendo ou não. Quando têm alguma dificuldade, não sabem bem o que fazer, ela senta-se ao lado delas,
pede que leiam novamente a questão, pergunta o que entenderam, assim vai
auxiliando-as.
Ela
também participa das reuniões de pais, pois meu irmão não tem a possibilidade
de acompanhá-las sempre, por trabalhar em outra cidade, com horários nada
flexíveis.
A
escola é perfeita? Não, porque escola perfeita não existe, pois é uma
instituição criada, organizada, administrada por seres humanos, todos sujeitos
a falhas.
Há
cerca de dois/três anos uma professora de uma delas não vinha desempenhando bem
a função dela. Após reclamações dos pais a professora foi trocada por outra.
Na
reunião da qual participei, foram entregues as avaliações do bimestre de todos
os alunos, assim os pais/responsáveis puderam vê-las, fazer perguntas sobre as
mesmas. Questionei uma das avaliações de minha sobrinha, pois a nota era “X”,
havia questão sem corrigir. A Professora presente na reunião, não era a docente
da disciplina, portanto não soube responder. Informei minha cunhada a respeito,
para buscar junto à Direção da escola sanar este problema de correção incorreta
da avaliação.
Não
quero dizer que os professores da escola não estão fazendo bem o seu trabalho,
mas que a parceria com a família é imprescindível. Por quê? É na família que
são feitas as tarefas escolares. É na família que se colocam horários e rotinas
de estudo. Claro, que a escola também faz isto, mas sem o estudo em casa, muita
coisa ficaria a desejar.
Nestes
primeiros anos de escolaridade a criança adquire habilidades e competências,
que serão utilizadas pelo resto de suas vidas. Quero salientar, dentre estas,
as competências leitora e escritora. É por meio da leitura, que se tem acesso
aos conhecimentos de todas as disciplinas e áreas. A criança que lê
fluentemente não perderá informações durante a leitura, o que o ocorre com a
criança, que lê aos “soquinhos”, de forma truncada, silabando.
Outra
atividade que colabora para o enriquecimento vocabular das crianças é ouvir
histórias desde muito cedo. Além de ampliar o vocabulário, esta atividade
contribui para que a criança vá se apropriando do texto narrativo, mesmo antes
de saber ler. Ela aprende, por exemplo, que muitas histórias começam com “Era
uma vez...”, depois passam a contar suas próprias histórias utilizando esta
frase. Aprendem também que um texto narrativo tem começo, meio e fim; que tem
personagens; que há os personagens bonzinhos e os maus; que a história tem uma
sequência de acontecimentos.
Quando
a criança ouve e/ou lê histórias, também estará internalizando todos estes
conhecimentos, que utilizará para elaborar suas próprias histórias, bem como
terá estimulada sua criatividade, pois enquanto ouve alguém contá-las,
precisará ir imaginando os personagens tal como são descritos; imaginar as
paisagens, onde se passam os contos de fadas, fábulas, contos, crônicas.
Obs.
Neste mesmo blog tem diversos textos, que tratam da aprendizagem da leitura e
da escrita. Para consultá-los, basta ir até a barra do lado esquerdo em
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todos os textos sobre este assunto.
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