A
mídia, em geral, fala muito sobre os serviços públicos, em geral, criticando a
má qualidade dos serviços prestados. Por que não se fala também dos serviços
privados? Será que a prestação de serviços por empresas particulares é tão bom
assim, que não precise ser criticado?
Vou
contar duas experiências aqui, ocorridas comigo e familiares, referentes às
Oficinas Mecânicas cujos nomes não citarei, mas citarei que ambas são
autorizadas e supervisionadas por uma grande empresa de seguros de automóveis,
casa, vida.
A primeira
aconteceu em Campo Grande há cerca de quatro anos. Estávamos em viagem para uma
cidade próxima a Cuiabá, Mato Grosso. No segundo dia de viagem, saímos de Campo
Grande objetivando adiantar nossa viagem. Após cerca de 30 quilômetros
percorridos nosso carro teve um problema na embreagem. Paramos repentinamente.
Ligamos para a seguradora, cuja central de atendimento fica em São Paulo.
Primeiro problema foi fazer a atendente entender, que no local onde estávamos
não havia um ponto de referência, que não fossem árvores, cercas e porteiras de
fazendas, muita soja. Não havia posto de gasolina, lanchonete, nada!
Conseguimos acionar o seguro para trazer um guincho e um táxi. Retornamos para
Campo Grande, cidade mais próxima, que tinha mecânica autorizada. Deixamos o
carro na mecânica para os reparos necessários. Dormimos novamente na mesma
cidade. Quanto ao apoio quanto ao guincho, táxi, pagamento de diária do hotel,
possibilidade de continuarmos a viagem de avião e carro alugado, não tivemos
críticas. Mas e a mecânica?
Esta
merece um parágrafo à parte! Pois bem. No outro dia retiramos o carro,
acreditando que fora corretamente consertado e seguimos viagem. Estávamos na
Rodovia BR 163, ainda no Estado do Mato Grosso do Sul, próximo à divisa com o
Mato Grosso, em uma cidadezinha chamada Sonora, quando um parafuso da embreagem
soltou, bateu no carro. Achamos que tivesse sido alguma pedra. Ainda rodamos um
pouquinho, em seguida, novo baque. O carro parou! Sorte nossa, que paramos
próximo a um posto de gasolina grande e com borracharia e mecânica. O mecânico
deste lugar, um rapaz simples, rapidamente verificou o carro, nos informou que
um dos parafusos da embreagem havia sido mal rosqueado, se soltou. Demorou
certo tempo até que alguém fosse até a cidade buscar as peças necessárias.
Ficamos esperando! Atrasou novamente nossa viagem. Gastamos mais para realizar
o reparo. Além disto o estresse, pois estávamos ainda longe de nosso destino,
teríamos que tentar ganhar tempo. Feito o conserto, seguimos viagem, agora sem
outros sobressaltos.
Após o
retorno da viagem de férias, mandei um e-mail para a tal mecânica autorizada
relatando o ocorrido, inclusive com fotos de nosso carro mecânica de beira de
rodovia. Contei, em detalhes, os problemas que tivemos. O proprietário pediu
mil desculpas! Fiz questão de informá-lo para que ele pudesse acompanhar de
perto o trabalho realizado por seus assistentes, segundo ele, jovens
recém-saídos de uma escola de aprendizagem industrial.
Este
ano, agora, há poucos dias, necessitei levar meu carro para uma revisão de
rotina. Mesmo tendo passado por esta experiência anterior, resolvi dar um voto
de confiança, levei o veículo a uma mecânica conveniada e autorizada pela tal
empresa seguradora. Avisei, que era somente uma revisão de rotina, que o carro
não apresentava problemas. Alertei também para o fato de utilizá-lo para
trabalho, que, por vezes, viajava por estradas vicinais, onde nem sinal de
celular tem, por isto precisaria estar com o carro em ordem.
Passados
alguns dias entraram em contato comigo. Estive na recepção da mecânica e a
lista de peças a serem trocadas foi bem maior, do que eu esperava. Pensei...
eles são os especialistas! Autorizei que fosse feito o conserto. Demoraram alguns
dias tive meu carro de volta. Na primeira viagem a trabalho, observei que o
carro estava com um barulho, que não havia antes. Entrei em contato com a
recepcionista da mecânica, relatei o problema. Novamente fiquei sem o carro,
que ficou por mais alguns dias lá até que recebesse o diagnóstico. Segundo o
mecânico a correia do motor, trocada, teria vindo com defeito e teria sido
substituída.
Peguei
novamente meu carro. Fiquei com ele por mais alguns dias. Coincidiu que nestes
dias o clima na cidade e região estava muito ameno e chovendo. Viajei com ele,
neste período, não houve maiores problemas. Certo dia, saindo de minha casa,
rodado cerca de uns quinze quilômetros, na cidade, em velocidade baixa, o carro
começou a aquecer. Percebi o ponteiro do indicador de temperatura do motor
subindo, de repente deu um salto, do primeiro quarto do mostrador para o
último.
Entrei
em contato com a mecânica, pela terceira vez, contei o ocorrido. Me orientaram
a chamar o guincho da seguradora. Fiz isto. Meu carro saiu guinchado de casa.
Fui até a referida empresa, contei novamente o ocorrido ao mecânico, que havia
me atendido das outras vezes. Contei também dos transtornos advindos destas idas
e voltas do carro, cada vez com um problema novo. Desta vez foram feitas duas
vistorias no carro: do guincho e da mecânica. Novamente o carro ficou alguns
dias lá, até que tivesse outro diagnóstico. Segundo o mecânico a válvula
termostática teria vindo com defeito.
Diante
destes problemas me questionei. Se foram colocadas peças novas, como elas
apresentaram defeito de imediato? Se o carro estava com peças “velhas” e não
apresentava defeitos, até então, como estariam ocorrendo com peças novas?
Que
garantia temos nós, consumidores/clientes, que os serviços prestados por estas
empresas são de qualidade? Que garantia temos, que as peças colocadas em nossos
carros são novas? Que garantia temos que a troca de X peças foi mesmo
necessária?
Abri
uma reclamação junto à seguradora relatando o ocorrido no tal Centro
Automotivo, objetivando mostrar, primeiro, minha indignação com a qualidade dos
serviços prestados, bem como que sejam tomadas providências visando sanar
problemas como este, para que os mesmos não ocorram com outros clientes.
O que
aprendi com tudo isto?
1. Verifique
atentamente a vistoria feita no recebimento do veículo pela mecânica. Observe
se anotaram como você deixou o tanque do combustível, se cheio, pela metade,
com um quarto. Observe quando buscar o carro, quanto foi utilizado do
combustível em “testes” com o carro.
2. Peça,
ao receber o veículo, para ver todas as peças trocadas do seu carro (as
velhas).
3. Caso
tenha alguma observação a fazer sobre o carro, faça no impresso da vistoria no ato
da entrega dele à mecânica.
4. Se sentir
que o serviço não foi adequado, entre em contato com a seguradora, formalize
sua reclamação. Quem sabe desta forma, as seguradoras exijam mais qualidade dos
profissionais, que prestam serviço nestas autorizadas.
5. Se
achar, que não foi suficiente, vá ao Procon!
6. Antes
de deixar seu carro em uma destas mecânicas autorizadas das seguradoras,
converse com outras pessoas, que tenham o mesmo seguro que o seu, verifique se
já utilizaram este serviço e qual a avaliação, que fizeram do serviço prestado.
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