Há pouco mais de quatro anos mudei de cidade. De uma
cidade de setecentos mil para uma de cerca de centro e vinte e sete mil
habitantes. Na primeira foram uns dezesseis anos de vida, muito sofrimento para
me adaptar uma cidade tão grande, onde, no início, nunca via ninguém conhecido
pelas ruas, galerias, lojas.
Depois de quase duas décadas, claro, devido ao meu
trabalho passei a conhecer muita gente, a ver rostos conhecidos e simpáticos na
feira, no supermercado, no shopping. Isto fez eu me sentir acolhida, como parte
integrante deste mundo, no início, assustador.
Com o passar do tempo sentimos a necessidade de mudar
para um lugar mais calmo. Nos mudamos. Começou tudo de novo. Andar pelas ruas e
sentir-se sozinha. Agora um pouco pior, pois não veio ninguém de minha família:
irmãos, cunhadas, sobrinhos e sobrinhas. Quase um ano de tristeza, meio
depressiva. Morando em uma casa (edícula) minúscula, úmida, grande metade de
minha mudança encaixotada, outra parte ficou na casa de origem. Este foi um ano
frio, úmido, de muita neblina, o que me deixava mais triste ainda.
No ano seguinte voltei a trabalhar e começar a
conhecer pessoas, fazer amizades. Ainda sentia muita saudade de meus
familiares, mas já ia me sentindo mais próxima, mais integrada a esta nova
cidade.
Neste período de reconhecimento deste lugar conheci
uma senhora, proprietária de um café, onde passava quase todas as manhãs para
tomar um café, comer um pão de queijo, conversar um pouco.
Muitas vezes conversamos, falamos da cidade, de
trabalho, de família, do comércio, enfim de assuntos diversos. Acho que nunca
soube o nome dela, nem ela o meu. Somente esta semana, ontem, ao passar pelo
café e tomar um café com pão de queijo, me veio a vontade de fotografá-la.
Pedi, ela aceitou sem pestanejar. Tirei a foto, na qual mostrava ela e um pouco
do Café, onde ela trabalha com muito afinco todos os dias. Após este momento,
ao pagar a conta, ela pediu um abraço, nos abraçamos, paguei a conta e segui em
frente. Somente depois deste momento, me dei conta que não sabia, não lembrava
o nome dela. Perguntei. Agora ela não é somente a Senhora dona do Café. Tem um
nome, uma identidade, compartilhamos histórias de vida!
Obrigada, Katarina, por me deixar fotografá-la, por
compartilhar comigo algumas de suas histórias de vida e por ouvir um pouco das minhas !
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