Todo
começo de ano temos catástrofes ambientais, pois recomeça o período de chuvas,
característica do verão em algumas regiões ou o chamado “período das águas” em
outros. Isto é sabido por governantes, moradores das encostas, cidadãos comuns,
mesmo assim acontecem mortes devido a estas causas.
Neste
ano todo o Brasil volta sua atenção para Santa Maria, RS, onde aconteceu um
grande número de mortes de jovens, que festejavam em uma boate conhecidíssima
da cidade.
A
mídia divulgou, há alguns dias, uma notícia de que alguns prefeitos começaram a
fazer uma “varredura” das casas de shows de suas respectivas cidades. Mas isto
não deveria ser feito normalmente? Não faz parte do papel deste órgão público a
fiscalização de obras, sejam elas pequenas ou grandes? Para que existem então
as Secretarias de Obras ou similares? O que fazem os fiscais, que deveriam
fiscalizar? Se não há o número de fiscais necessário para realizar tal trabalho
em todo o município, por que o poder municipal não toma providências?
Muito
provavelmente, você, leitor já passou por uma situação parecida com a que vivi.
Iniciei há alguns anos uma construção. Cumpri os trâmites legais: croqui da
obra, planta do imóvel assinada por Arquiteto aprovada na Prefeitura do
município.
A
obra foi iniciada, devido à fatores financeiros foi sendo feita aos poucos, em
etapas, que duraram alguns anos. No começo até esperava a visita de um fiscal
da Prefeitura do município. Nada! A arquiteta, que contratei, acompanhou o
início da construção, orientou o pedreiro.
Foi
feita a primeira etapa, fundações e a garagem, somente a parte “grossa”, sem
acabamentos. Parei para tomar fôlego e poder recomeçar. Tempos depois, a obra
foi recomeçada. Foi feito um andar, que foi concluído devido à urgência da
mudança. Após a mudança, sem os gastos mensais com aluguel, nem outros gastos
com a obra, mais um tempo, mais um respiro, mais um ou dois anos, foi feito
mais um andar ( o último!), este ficou mais um tempo sem o acabamento... claro!
Neste
longo período não recebemos a visita do fiscal para fiscalizar o andamento da
obra. O cidadão só apareceu, quando solicitamos o “habite-se”. Claro, neste
momento, achou defeitos, disse que a casa estava “torta” no terreno, mas não
observou, que havia uma casa antiga, de mais de 30 anos, que foi construída meio
na “transversal”, isto se refletiu nas casas mais novas.
Na
ocasião questionamos o fato de verificar determinadas casas e outras não. A
resposta foi “Para a prefeitura esta casa, a antiga de 30 anos, não existe. A
gente só fiscaliza o que dá entrada de pedido de habite-se.”
Isto
me faz lembrar certas comunidades, onde as pessoas vão chegando, construindo
barracos, que mais tarde se tornam sobrados, construídos sem orientação, nem
fiscalização.
Depois
ouvimos notícias de catástrofes alarmantes de barrancos, que desbarrancaram
levando casas, móveis e vidas. Morros que se derreteram como sorvete no sol
quente, não deixando tempo para ninguém sair, soterrando adultos, jovens,
crianças, vidas, sonhos.
Até
quando ficaremos procurando culpados para as catástrofes? Quando vamos começar
a nos prevenir, realizando o trabalho que deve ser realizado?
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