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João Delfiol Construções

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Sentimento de colono

Minha família é descendente de imigrantes italianos, que vieram “fazer a América”, como muitos fugindo da miséria e de guerras nos países de origem. Muitos ao chegarem no Brasil foram trabalhar de empregados nas fazendas de café, onde moravam em colônias, formadas por inúmeras casas, umas ao lado das outras, muitas delas ocupadas por famílias parentes.
Meus avós, quando conseguiram, após muitos anos de trabalho em fazendas, sua terra, comprada com muito, muito suor, também fizeram sua própria colônia, onde moravam os pais (meus avós), seus filhos e noras e netos.
Conforme a família crescia, aumentava a quantidade de casas, como também ia aumentando a quantidade de crianças, porque os cafezais precisavam de muitos braços, inclusive de crianças.
Vivenciei muito pouco desta época, quase nada, mas acredito que tenho em mim este sentimento de colono, morador de colônia. Que sentimento é este?
O sentimento de família, de querer ficar junto, próximo aos seus, mesmo que com algumas inevitáveis brigas ou desentendimentos, mas tudo resolvido na conversa, no diálogo, mesmo acalorado, como todo italiano, com muita emoção!
O sentimento gostoso de ver a mesa cheia de comida, ao redor dela os irmãos, cunhadas, sobrinhos, sobrinhas. Ouvir as vozes, as risadas, a conversa, ou o simples bater de garfos e facas, os olhares passeando pela mesa, pela saborosa refeição.
Acredito que temos este sentimento, que trazemos daqueles tempos idos, quando os avós viam seus filhos se casando, seus netos, nascendo, correndo felizes pela terra abençoada.
Um de meus tios, o Valentim, uma vez me disse algo parecido com o que estou escrevendo, porque também ele ao se mudar do sítio para uma grande cidade da região metropolitana de São Paulo, comprou sua casa, próximas a ela os filhos foram comprando as suas, uma ao lado da outra.
Para deixar esta pequena e acolhedora colônia mais parecida com a terra dos pais dele, em um cantinho do quintal, espremido entre o concreto e as paredes da casa, plantou uma videira, que todo ano cobria sua laje de folhas verdíssimas, mais tarde as flores, depois os pequeninos e verdes frutos, que se transformavam em lindos cachos de uvas, que eram saboreados pelos filhos, netos, noras, esposa, filhas.
É este  sentimento de plantar, cuidar com carinho da semente, da planta, da vida, que moveu (move) todos nós, netos, filhos de colonos, que cruzaram mares para plantar aqui seus sonhos e ajudar a construir este País.

A eles: João, Maria, Orlando, João Batista, Otávio, Valentim, Natalina, Laurinda dedico este texto.

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