Não controlamos tudo.
Não controlamos quase nada!
O coronavirus veio escancarar isto pra todos.
Governantes.
Médicos.
Políticos.
Jovens.
Velhos.
Crianças.
Nossa rotina diária foi mudada bruscamente.
Não saímos mais para trabalhar.
Muitos trabalham em casa.
Incorporamos novos termos: “home office”,
teletrabalho, covid-19...
Muitos não sabem se ainda terão trabalho e um
salário para sua subsistência e de sua família.
Muitos continuam pelas ruas. Agora sem a
possibilidade do dinheirinho para o café, o marmitex, a cachaça.
Sem o abrigo público.
Sem o
banho.
Sem a janta, sem a sopa do sopão noturno.
As escolas silenciaram. Mas não são férias.
Crianças restritas aos pequenos apartamentos, onde vivem. Sem correr, sem jogar
bola na quadra, sem nadar na piscina, sem abraçar os amiguinhos, sem dormir na
casa deles. Sem as festinhas de aniversário!
Os idosos teimosos resistem!
Resistem ao tempo!
Resistem às imposições.
Resistem às regras para não jogar dominó na
praça.
Insistem em sair. Ir ao Supermercado. Sem
máscaras! Sem preocupações?!?!
As grandes
avenidas, que fervilhavam pessoas, onde a vida pulsava insistente e
barulhenta, só uns e outros trabalhadores da saúde, da padaria, do mercadinho,
da farmácia, da educação trafegam para cumprir suas obrigações profissionais.
Todos salvam vidas!
Uns salvam vidas da ignorância, que adoece e
mata.
Outros salvam vidas com o cheiroso e
apetitoso pão nosso de cada dia.
Há aqueles que salvam nossos estômagos da
fome, seja pouca, seja muita, seja antiga, seja doce.
E o que falar daqueles que na sua roupa
branquíssima, fala mansa, nos atendem nas farmácias, nos explicam sobre o
remédio, que compramos, sobre como tomar corretamente cada medicamento, sem
sofrimento.
Agora usam máscaras! Não são de super-heróis!
São máscaras de medo! Medo do espirro, da tosse, das gotículas de saliva, do
outro, do idoso, do jovem, do novo, sem máscaras.
Enquanto escrevo aqui, minha rua também
silencia. Silêncio raramente quebrado!
Pelos três aviões com um padre dentro, que
ora e pede e vê feliz e agradecido a água benta sendo espirrada abundantemente
sobre sua cidade querida.
O que pede ele?
Saúde!
Vida!
Março/2020, em tempos de quarentena do coronavirus-codiv19
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