Você
já viajou de ônibus? Não? Com certeza não sabe o que é esta expressão, que
intitula esta postagem.
Quem
já viajou, como eu, tem inúmeras histórias para contar. Eu também tenho
algumas, que vivi e outras que ouvi.
Nos
ônibus vemos cenas chocantes! Quer visualizar uma?
Imagine-se
sentado na segunda fileira de um ônibus, na primeira, grudada ao vidro do
motorista uma mulher e duas crianças. Até aí nada de mais! A mulher com algumas
sacolas, que ajeita aos pés. Seriam roupas? Presentes?
O
ônibus começa a sair vagarosamente da rodoviária de uma cidade de interior do
Paraná. Rodoviária pequena, pouco espaço para manobra dos ônibus, pessoas
circulando, outros ônibus por ali. Cena normal de rodoviária!
De
repente a mulher do primeiro banco começa a abrir as sacolas... Sai uma garrafa
de café, um refrigerante, canecas. Depois... pães com bife frito! Inicia-se o
estranho piquenique à bordo!
Eu
que não pedi, na passagem, o cheiro do bife frito, as cascas de pão, nem o
cheiro do café... tive tudo isto incluso!
Quer
outra história? Esta é mais recente, mas não menos exótica! Também em outra
viagem ao Paraná! Desta vez fomos, eu e minha mãe, saindo das proximidades de
Bofete, com ônibus vindo de Campinas. Até aí nada de mais também! Ônibus
lotado! Gente conversando! Vai e vem ao banheiro! Crianças chorando, gritando! Após
as paradas... homens que retornam com cheiro de bebida! Já visualizou?
Parte
deste povo desceu em Maringá, ainda estava escuro!
Seguimos
viagem, com muita gente dentro do veículo! Pensa que acabou aí? O mais
insólito, para não dizer vergonhoso, viria depois!
Quando
o ônibus parou na rodoviária de Paranavaí, onde todos os demais desceriam, vi
uma cena, que antes nunca tinha visto! Fiquei horrorizada! Você consegue
imaginar o que seria? Não? Vou descrevê-la em detalhes!
Fomos
saindo, pelo estreito corredor, tropeçando no lixo! Todo tipo de lixo:
embalagens de salgadinhos, copos de água, latinhas de refrigerante, entre um
banco e outro vômito, sobre outro banco uma fralda cheia (do quê?)... largada
lá... Não estou exagerando! Nunca em minha vida, olha que já fiz inúmeras
viagens, vi tamanha falta de educação!
Mas
o por quê desta postagem intitulada intimidade indesejada?
Começa
por aí. Dividirmos da vida e do lixo dos outros, mesmo que nós guardemos o
nosso na sacolinha para depositar no local adequado!
Que
mais?
Ouvimos
as histórias de vida de outras pessoas, que contam detalhes de sua vida, em
alto e bom som, a quem quiser ouvir... e quem não quiser também!
Neste
final de semana ouvi uma destas histórias! Uma senhora e um senhor, ambos da
mesma região do País, foram conversando durante a viagem! Ela contando, a um
estranho, o local onde morava, quanto pagou no terreno, quantos filhos a filha
tem, onde a filha trabalha, que ela, a senhora, cuida dos netos para a filha
trabalhar, que ela, a idosa, tem sei lá... 7 ou 8 irmãos, que todos moram
longe, que ela não os vê há mais de trinta anos!
Você
que está lendo pode estar pensando, que eu tenho boa memória! Também! Sabe
quantas vezes ouvi a mesma história, em alto e bom tom, e com riqueza de
detalhes? Duas vezes! Não nomeei o bairro, porque não faria isto! Mas se
fizesse, não estaria sendo indiscreta, pois no mínimo trinta e cinco pessoas
ouviram todos os detalhes da vida dela, dos netos, da filha!
Imagine
que, perto de você, estavam homens do Rio Grande do Sul. Ouvi um pouco da
conversa deles também, claro, afinal estavam muito perto! Mas não sei a metade
dos detalhes, pois meus ouvidos eram torrencialmente invadidos pela fala grave
e altíssima da senhora e do senhor dos primeiros bancos! Onde eu estava? No
meio do coletivo!
Aposto
que você, leitor, tem suas histórias! Quem não tem? Quem não tem é porque nunca
andou de ônibus, não os circulares, mas
sim os ônibus de viagens entres cidades ou Estados, onde o tempo compartilhado
com 40 pessoas ou mais é maior! As histórias,
então!
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