Tenho
ouvido os comentários sobre as mudanças, que são propostas para o Ensino Médio.
Muitos abaixo-assinados contra rolando na internet.
Enquanto
isto, nos municípios, às vésperas das eleições para prefeito e vereadores, os
depoimentos de certos candidatos a prefeito falando abertamente em
municipalizar escolas de ensino fundamental II (6º ao 9º ano).
Raramente
toco nos assuntos relacionados à Educação, mas se quem vive na/da Educação, não
falar, quem falará? Os jornalistas, os candidatos à Prefeito, os candidatos à
vereadores.
Os
jornalistas, em geral, para criticar a Educação pública! Não para mostrar a
realidade e cobrar solução para os diversos níveis governamentais (Governos
Federal, Estadual e Municipal).
Os
candidatos para prometer, prometer, prometer! Realizar é outra coisa!
O
mesmo candidato, que fala em municipalizar o ensino fundamental II, admite em
sua propaganda, que há déficit de vagas para creches e educação infantil!
Como
atender outro nível se não deu conta nem da Educação Infantil?
As
propostas de mudança, em educação, as que vêm sendo realizadas, têm um foco:
diminuir custos!
Não
pensem que os Profissionais, trabalhadores em Educação, serão ouvidos! As vezes
enviam-se questionários, que são respondidos com seriedade, avaliados
projetos/programas. O que acontece no ano seguinte? Os projetos bem avaliados
são extintos! Projeto que durou um ano, dois, extinto sem ao menos aguardarem
resultados, que em Educação, sabemos, não acontecem de hoje para amanhã!
Notícia
da UOL, de 2014, traz um déficit, apontado pelo TCU (Tribunal de Contas da
União), de professores com formação específica para as disciplinas do Ensino
Médio em 32 mil. Traz também outras informações interessantes: que em
determinados Estados mais da metade dos docentes é contratada. Há também 61 mil
professores cedidos a outros órgãos de outras Pastas (outras Secretarias de Estado).
Desta pesquisa não participaram dois Estados: São Paulo e Roraima. Esta matéria
coloca a responsabilidade do caos nas próprias Secretarias.
É fato
que nos Estados, e em São Paulo, isto não é diferente, há docentes atuando em
outras Secretarias e sendo pagos pelas SEEs (Secretarias de Estado da
Educação). Há professores atuando nos cartórios eleitorais, assim como outros
profissionais, por exemplo, agentes de organização escolar.
Certa
vez, há mais de vinte anos, assisti uma entrevista da então Secretária da
Educação, Rose Neubauer, na qual ela era questionada a respeito destes
funcionários afastados em outras Pastas, o que seria feito a respeito. Não foi
feito! Nem ela disse o que seria feito! Procurei a reportagem, mas a mesma não
está mais disponível!
A
matéria da Agência Brasil traz índices por disciplina da carência docente em
todas as áreas, até mesmo em Português e Matemática. Além da falta de
professores formados nas disciplinas específicas, há professores sem formação
nenhuma, ou seja, sem curso superior nenhum, nem o bacharelado. Só para
ilustrar, abaixo algumas informações do referido site:
“Nas escolas públicas do Brasil, 200.816
professores dão aulas em disciplinas nas quais não são formados, isso equivale
a 38,7% do total de 518.313 professores na rede. Os dados estão no Censo
Escolar de 2015 e foram divulgados hoje (28) pelo ministro da Educação, Aloizio
Mercadante.
Em alguns casos,
um mesmo professor dá aula em mais de uma disciplina para a qual não tem
formação, com isso, o número daqueles que dão aula com formação inadequada
sobre para 374.829, o que equivale a 52,8% do total de 709.546 posições
ocupadas por professores.
Na outra ponta,
334.717 mil posições, 47,2%, são ocupadas por docentes com a formação ideal, ou
seja, com licenciatura ou bacharelado com complementação pedagógica na mesma
disciplina que lecionam. Mais 90.204 (12,7%) posições são ocupadas por
professores que não têm sequer formação superior.”
Lembrando
que, até este momento, a formação necessária para a carreira docente é a
Licenciatura.
É fato
também, que as matrículas nas licenciaturas despencaram! Isto chegou ao ponto
dos cursos de licenciatura fecharem nas Faculdades e/ou Centros Universitários.
Não
pensem os senhores leitores, que esta falta de docentes com formação específica
está só nas escolas públicas!
No
site EM são apontados problemas que tornam a carreira docente sem atrativos: a
falta de planos de carreira, baixos salários, falta de valorização, agressões
em sala de aula, entre outros. Estes problemas, que estão presentes no Brasil
inteiro, fazem com que os jovens não tenham interesse nenhum em seguir a
carreira do/no magistério.
Em
matéria do Jornal “O Estado de S. Paulo”, além de falar do desinteresse pela
profissão, há outra informação muito interessante: “O salário de um professor é, em média, 40% menor que o de um
profissional de formação superior.”
Como
podemos ver os problemas vão muito além de termos esta matriz curricular (grade
curricular) ou aquela outra. Se teremos cinco horas de aula ou sete horas ou
mais. Nenhuma mudança, nenhuma proposta terá sucesso se desconsiderar estes
problemas! Será só mais uma falácia!
Sem Professores não teremos novos professores, médicos, arquitetos, advogados, fisioterapeutas, cineastas, jornalistas, administradores e tantas outras profissões necessárias!
Referências:
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