Pensar sobre nossa vida é uma constante, pois nos
preocupamos com o presente, com o futuro, com o emprego, com os filhos, com
pagar as contas, com nossos pais e por aí vai.
Dentre estas coisas existe uma que me intriga, me
deixa inquieta desde minha infância, não sei se pelo caráter definitivo dela ou
pelo mistério que envolve o após dela.
Tive uma experiência com ela, quando ainda era bem
criança, da qual me lembro até hoje. Foi medo, causou uma febre. Peguei certo
horror em viver novas experiências relativas a ela, a morte.
Durante muitos e muitos anos de minha vida, quase não
tive contato com a morte de pessoas conhecidas, pessoas queridas, parentes.
Isto durou até a idade adulta, pro volta dos meus trinta anos.
Os primeiros a morrerem, por acidentes ou doenças,
foram meu pai e seus irmãos. Todos com mais de sessenta anos, setenta, oitenta,
mas mesmo assim trouxeram sofrimentos e dor para todos das famílias.
Recentemente tenho visto pessoas jovens, com menos de
cinqüenta, quarenta, trinta anos, morrendo de formas brutais, rápidas, sem
muita explicação...
No ano passado o filho de uma amiga com vinte e
quatro anos. Eu o conheci bebezinho, criança, adolescente.
Nesta semana um rapaz mais ou menos da mesma idade.
Filho de ex-vizinhos. Brincava em nossa casa sempre. Comia em casa. Era bem
mais novo, que meus irmãos mais novos, mas estes brincavam com ele mesmo assim,
até por insistência nossa, pois eles gostavam de brincar com meninos mais
velhos.
Este rapaz, formado em Matemática, Professor, já com
um Mestrado concluído, cheio de planos para o futuro, bom filho, bom amigo, bom
professor... Uma pneumonia, mais algumas complicações, e ele se foi sem dizer
adeus.
Eu o vi no ano passado, rapidamente, fiquei feliz em
vê-lo bem, feliz, trabalhando, ajudando a mãe, já com uma situação financeira
melhor, muito melhor, do que muitos jovens da idade dele. Esforçado,
trabalhador, estudioso, enfim, uma pessoa que ainda contribuiria muito com
nossa sociedade.
Sempre fui inconformada com a morte, mas atualmente
vendo meus anos aumentarem, familiares se despedindo da vida, jovens amigos
(muito jovens) morrendo assim, mais
ainda me inconformo. Sei que é uma coisa natural, que faz parte (?) da vida...
Viver sim faz parte da vida!
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