Tenho tirado muitas fotos por onde vou. Seja no
cotidiano, seja viajando em férias, aos finais de semana. Registro o que vejo,
o que acho que vejo, o que sinto.
Nestes registros, mostro paisagens, casas, igrejas,
ruas, prédios, animais, entre eles, o bicho homem. Nele, em especial, tento
captar sua essência, ou o que ele deixa ver nos gestos, no olhar.
O olhar me impressiona muito. Seja quando vejo rostos
que não conheço na TV, ou rostos conhecidos, ou vistos pela primeira vez.
Sempre os olhos me embriagam, pois fico contemplando o formato dos olhos, a
cor, o jeito de olhar. Alguns têm um brilho especial, uma ternura, uma bondade
refletida no olhar calmo, nos gestos brandos, nas palavras amenas.
Há alguns anos, em visita a um tio no Paraná, tirei
uma das últimas fotos dele, senão a última. Pedi para tirar uma foto dele. Ele
estava sentado em um sofá, conversando. Quando disse que ia tirar uma foto, ele
se virou, sem se levantar, olhou diretamente para a câmera. Quando retornei
para casa, dias depois, comentei com minha mãe que havia tirado esta foto, que
o olhar dele havia me intrigado muito, que ele parecia “olhar para outro lado”,
que ele parecia estar vendo além da foto, além deste mundo. Meses depois ele
morreu!
Não sei se foi coincidência, mas fiquei muito chocada
com isto.
Os olhos nos mostram o mundo, assim que os abrimos,
quando nascemos. De início um mundo meio turvo, sem formas muito definidas, sem
cores muito nítidas. Neste momento, segundo estudos, o bebê enxerga o que vê a
curta distância, a distância entre o seio da mãe e o rosto dela.
O que será que os outros enxergam nos nossos olhos? O
que expressamos pelo nosso olhar?
Será a ternura, carinho, aconchego, bondade? Ou ao
contrário, expressamos raiva, rancor, tristeza?
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