Que interessante é a vida! Observando meu corpo, suas
transformações, comecei a pensar na vida.
Quando nascemos, vamos mudando, mês a mês, dia a dia,
numa velocidade vertiginosa. Perdemos muito rapidamente roupas, calçados.
Ganhamos cabelos, que caem, nascem outros tão rapidamente, que nem percebemos
isto acontecendo, a não ser nossa mãe, atenta a cada mínima mudança nossa.
Assim vivendo mudanças, diárias, ganhamos nossos
dentes, aprendemos a falar, aprendemos inúmeras palavras, bem como a utilizá-las,
sem nem mesmo entendermos “nadica de nada” de gramática. Aprendemos a ficar em
pé, a andar, a correr, aprendizagens que levamos para o resto de nossa vida. Aprendemos
a comer, inicialmente praticamente tudo que nos é dado, mais tarde vamos
ficando seletivos, fazendo nossas próprias escolhas alimentares.
Mais tarde, por volta dos dez, onde anos, inicia-se
outra grande transformação em nosso corpo. De um corpo infantil, sem curvas,
mas igualmente belo, vamos adquirindo pelos onde antes não tínhamos. Nós, as
mulheres, vamos ficando com curvas mais arredondadas, seios nascem, devagar, vão
ficando parecidos com os de nossas mães, avós (quando eram jovens, claro!). Nos meninos também acontecem mudanças rápidas
no corpo todo. A voz primeiro fica meio esganiçada, depois mais grave. Alguns têm
muitas espinhas no rosto, ficam envergonhados com isto. Acontecem outras
mudanças, mais íntimas, mas também interessantes.
O tempo vai passando, nós, nem aí... Estamos tão
envolvidos, estudando, batalhando o primeiro emprego, o primeiro namorado (e outros
namorados), a primeira paixão, a entrada na faculdade, a saída também
igualmente batalhada, muita luta! Casamos (ou não), constituímos família,
continuamos na rotina corrida de trabalho, família, filhos, escola (agora
levando e trazendo filhos), amparando nossos pais ou um irmão, assim vamos. Nesta
correria louca não percebemos outras mudanças em nosso corpo. Mas elas estão
silenciosamente acontecendo.
Que mudanças são estas? Podemos falar de várias, mas
vou me deter em algumas que tenho percebido, ainda sem explicação pra mim.
Faz uns dois ou três anos tenho percebido meus
cabelos caindo, em quantidade significativa. Isto me preocupou bastante.
Procurei uma dermatologista. Claro, fiz um exame para tentar saber a causa da
queda. A especialista suspeitou de falta de ferro no meu organismo. Exame de
sangue feito: nada! Tudo normal. Tomei umas vitaminas, usei um shampoo de
cetoconazol, um outro remédio de manipulação... não vi mudanças. Não voltei na
médica. Aliás, entre as prováveis causadas aventadas pela dermatologista
estava... adivinhem? O estresse!
Quem já não foi ao médico, independente da
especialidade, não ouviu esta explicação para um de seus males?
Eu já ouvi, não foi só da dermatologista!!!
Acabou minha queda de cabelo? Não. Continua. Acham
que desisti de tentar saber a causa disto? Não, claro. Também cheguei a falar
com a ginecologista. Perguntei se estava na menopausa, na pré-menopausa, se
seria necessária fazer reposição hormonal. A resposta: não. Não, nem estava na
menopausa, nem na pré menopausa. A quem recorri? À internet. Sites
especializados, claro. Procurei alguns idôneos. Dermatologia. Ginecologia.
Nesta minha pesquisa obtive algumas pistas.
Talvez se esta queda de cabelos tivesse acontecido na
adolescência, nem tivesse me preocupado, nem notado, mas com o tempo vamos
aprendendo a nos observar mais, a nos conhecer melhor, a perceber os sinais de
nosso corpo, mesmo que não saibamos muito bem o que fazer com eles.
Lya Luft, autora gaúcha, que fala tão bem destes
assuntos, me inspirou a escrever este. Não tenho o mesmo talento dela, autora
renomada, consagrada, mas tenho a mesma preocupação e inquietação com a vida,
com estes movimentos, mudanças, transformações, que acontecem conosco, vão
paulatinamente mudando nosso corpo, nossa mente, nossa visão de mundo.
Comentários
Sou virginiana! Como descobriu? Acho que somos meio introespectivos, observadores de tudo, da natureza, das transformações, da vida, de nossa própria história. Nós, virginianos, antenados com o mundo, com o hoje, com o ontem, com o amanhã, refletimos, temos a palavra a nossa disposição, não poderíamos deixar de escrever, imprimir nossas impressões de tudo que vemos, sentimos, pensamos.
Você também faz isto muito bem nos seus textos, haja vista aquele seu texto tão bonito, tão maduro, ainda aluno de Ensino Médio já com tantas preocupações!!!
Mais uma vez obrigada! Sinto-me privilegiada em ter um leitor tão atento, tão intelectual.