Ninguém sabia de onde ela havia aparecido. Perambulava pelas ruas da cidadezinha, para lá e para cá, o dia todo. As vezes limpa, as vezes suja, roupas puídas, descalça, as vezes comia, outras não. Mulher, uns 40 anos, magra, esbelta, mas maltratada pelo tempo, pela vida, sofrimentos, fome, ainda por cima “sofria de acessos...”, era assim que os mais antigos falavam das crises epilépticas. O nome dela? Ninguém sabe, mas como era baixinha, apelidaram-na de joaninha, assim mesmo, pequenina, rápida, como o inseto. Era querida por algumas pessoas, que lhe davam almoço, janta, bastasse para isso que ela apontasse no portão, com aquela carinha de criança faminta, olhos já sem brilho, sem esperança. Uma vez, disseram, comentaram muito pela cidade afora, que ela havia sido estuprada pelo padrasto, por isso sumiu sem rumo, andando pelas estradas do País, as vezes acompanhada de outras mulheres, nunca homens, as vezes de cachorros, mas sempre sem nada, nem uma bolsa, sacola, saco, onde p...