Há memórias que são ativadas por cheiros, sons,
imagens, músicas, sabores. Todos temos esta capacidade de ativar com uma destas
sensações memórias há muito esquecidas, que a um simples toque, um cheiro que
toca seu nariz, entra pelas narinas, vai até o cérebro e pronto, se fez a
mágica! Surge aquele imagem nítida de algo vivido há pouco ou muito tempo.
Neste momento se fecharmos os olhos, poderemos sentir tudo que envolveu aquele
momento: o vento, o perfume, o arrepio, o toque, a música.
Também sinto isto! Há pouco ouvia uma música, antiga,
“Moendo café”, que me trouxe lembranças especiais. Quando criança em uma festa
da escola, acho que do folclore, dancei esta música vestida com um vestido
marrom e com delicadas flores amarelas, um chapéu de palha, uma peneira
enfeitada com fitas amarelas, ao som desta música, eu e mais várias colegas de
turma desenvolvíamos uma coreografia que tinha a ver com a música, com a
história do Estado do Paraná, e de minha cidade natal, a cultura do café, que
por décadas foi o ouro de nosso Estado.
E os gostos? Quando criança comia sempre com um fio
de azeite, o que mantenho até hoje, mas o gosto do azeite, aquele da infância,
o cheiro dele... não são os mesmos de agora! O que mudou? Não sei.
E o cheiro? Moramos por um tempo em uma chácara, onde
havia várias mangueiras atrás da casa, que faziam uma deliciosa sombra, que
amainava o calor escaldante do verão terrariquense, mas o cheiro das mangas
maduras então... manga manteiga, manga espada. Nunca esqueci!
As imagens então... são tantas! Na mesma cidade, para
irmos à chácara de um tio, passávamos por uma estrada de terra comprida,
ladeada de pequenas propriedades, mas uma delas era especial, chamava muito
minha atenção. Era a chácara Primavera. No portão de entrada havia um enorme pé
de primavera, que subiu sobre um tablado de madeira. Mas não era isto que me
encantava! Diante da casa, que ficava mais no fundo da propriedade, havia um
jardim com cogumelos pintados de vermelho com bolinhas brancas, os anões da
branca de neve, se não me engano. Eu achava aquilo lindo! Aqueles cogumelos bem
vermelhos se destacavam no gramado verde! Parecia um outro mundo, um mundo de
faz de conta, um mundo mágico.
São
tantas sensações, imagens, cheiros... com certeza você, leitor, tem os seus.
Talvez neste exato momento esteja relembrando-os ao ler este texto. Se estiver, aproveite!
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