Esta semana passei diante de um prédio de uma Secretaria de Saúde, que tem abaixo do brasão, uma pichação dizendo “A vida não espera”.
Já passei neste mesmo lugar outras vezes, já li esta frase outras vezes. Desta vez passei com mais calma, observei o estado do prédio, antigo, grande, venezianas igualmente altas, grandes, muitas portas, ocupando quase um quarteirão, abrigando dois órgãos relacionados diretamente à saúde da população. E esta frase pulsando ali “A vida não espera. A vida não espera. A vida não espera.”
Mais uma vez nesta semana, como em outras de anos anteriores, novas notícias na tv mostrando o descaso com a saúde, em alguns Estados brasileiros, as notícias de sempre: desvio de verbas, mal uso do dinheiro público, profissionais da saúde mal remunerados, corredores cheios de macas com pacientes à espera de um atendimento digno, gente morrendo, criança morrendo, idosos morrendo, jovens morrendo. E a frase, provavelmente pichada por um jovem, dizendo, gritando “A vida não espera!”
Enquanto em algumas salas, de alguns governos, se discutem (será?) as verbas para a saúde, nos corredores dos hospitais, dos PS, das UBS, das AMEs, etc, etc, etc, etc... as pessoas continuam sofrendo, doentes, esperando, esperando, esperando... mas a vida espera? O tempo para, a doença para, enquanto se pensa o que fazer com o dinheiro pago por nós por meio dos impostos? A doença aguarda, paradinha, congelada, enquanto não se contratam médicos para diversas especialidades tão em falta nos hospitais e postos de saúde?
Aquele jovem pichador, anônimo, em um ato igualmente anônimo, registrou embaixo daquele brasão, símbolo de um Estado, de um governo, o grito do povo: “A VIDA NÃO ESPERA!”
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Grande abraço!